Agronegócio aumenta produção de laranja com geração de desemprego



Por Leandro Carrasco
Da Página do MST



Estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a partir de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que foram fechados em torno de 25 mil postos de trabalho na área da produção de laranjas em São Paulo, apesar do aumento da produção pelas grandes empresas.

Por Leandro Carrasco
Da Página do MST

Estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a partir de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que foram fechados em torno de 25 mil postos de trabalho na área da produção de laranjas em São Paulo, apesar do aumento da produção pelas grandes empresas.

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Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, as empresas do agronegócio no setor, como a Cutrale, estão forçando a saída do pequeno e médio produtor de  laranja.

“As indústrias estão retendo, represando a colheita dos produtores independentes dando prioridade à sua própria. Com isso, eles têm condições de impor preços menores, retardar pagamentos e colheitas. Como isso produz mais custo e gera perdas, acabou retirando mais de 20 mil citricultores do setor. Esse processo continua. A citricultura está ficando cada vez mais concentrada na mão das elites”, afirma Viegas.

Em julho e agosto de 2010, foram produzidas aproximadamente 319 milhões de caixas de 40,8 kg em 2010, gerando 80,7 mil empregos permanentes no campo.

No mesmo período deste ano, a produção subiu aproximados 18% em relação a 2010, com 377 milhões de caixas. Contudo, o estudo indica que houve perda de 24,9 mil empregos permanentes no campo nesse mesmo período.

Para ele, o governo tem de atuar sobre essas empresas para reverter essa situação. “É preciso ter uma ação do governo, limitando a produção própria das indústrias”.

Cartelização

Viegas responsabiliza por esse processo de fechamento de postos de trabalho a criação de um cartel, formado pelas maiores empresas no setor, que impõe piores condições para os pequenos e médios produtores de laranja.

“Algumas dessas indústrias estão sendo investigadas por cartel e, com o aumento do cultivo próprio, cresce muito o poder dessas empresas em relação ao produtor. Assim, fica difícil que os citricultores imponham preços e condições, porque não possuem capacidade para dar trabalho para os desempregados”, avalia.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investiga a formação de cartel na área de suco de laranja por  Cutrale, a Citrovita (do Grupo Votorantim) e a Dreyfus. Há uma investigação da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça desde 1999, além das informações levantadas pela Polícia Federal, em 2006, na Operação Fanta.

Braz Albertini, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp), também credita às grandes empresas do suco de laranja a formação de um cartel, que acaba criando um monopólio em benefício delas mesmas.

“Existe um monopólio na compra e o pequeno acaba sendo prejudicado. As grandes empresas trabalham com a compra no preço muito baixo. Isso acaba inviabilizando a comercialização do pequeno produtor, que tem prejuízos na sua produção. Isso pode acarretar na constatação de pomares carregados, mas que não serão colhidos devido aos baixos preços praticados pela empresas compradores dos pequenos produtores”, afirma o presidente.