Estudo no PR mostra que Reforma Agrária é estratégica para preservação ambiental

 



Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

 


Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

Estudo de grupo de trabalho formado por especialistas em meio ambiente, sob coordenação da engenheira florestal Claudia Sonda, aponta que a Reforma Agrária contribuiu nos últimos 30 anos para a recuperação ambiental no estado do Paraná.

“No assentamento há um processo de construção coletiva associado com formação educativa, o que contribui na construção de uma cadeia dirigida para a recuperação ambiental e a produção agroecológica”, afirma Sonda, que já foi superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná.

Em 311 assentamentos do MST há um processo educativo em construção permanente, envolvendo boa parte das 20 mil famílias assentadas do Movimento no Paraná. Para Sonda, a Reforma Agrária pode ser o grande programa ambiental do campo.

“Existe toda uma construção coletiva para a recuperação ambiental nos assentamentos. São espaços estratégicos para a soberania alimentar sem veneno, conservação e recuperação da biodiversidade, por meio da produção agroecológica. Essas áreas conseguem dar conta da recuperação ambiental”, ratifica.

A coordenadora do estudo ainda ressalta que não é necessário mudar o Código Florestal para garantir a produção agrícola. Dados analisados pelo grupo de pesquisa apontam os espaços específicos destinados à Reserva Legal dentro dos assentamentos, que estão em processo de recuperação. Foram analisados casos antes e depois da criação dos assentamentos demonstrando que a cobertura florestal aumentou nas áreas reformadas no norte do Paraná.

“Com a criação do assentamento, os trabalhadores definem onde vai ser a área de Reserva Legal que não dá pra mexer nem plantar. Com isso, há um planejamento do uso desse grande imóvel que vai ser parcelado, prevendo a conservação prevista pelo Código Florestal”, afirma Sonda.

De acordo com o estudo, o Paraná não tinha mais do que 20% de cobertura florestal em 1980. E aponta que o começo do processo de desmatamento está ligado à  exploração madeireira e da erva mate, seguido pelo café (que teve um impacto forte na região norte) e a soja.

“Nesse processo histórico do desmatamento, o peso fundamental foi o ciclo econômico da madeira, soja, café e agora a cana, ou seja, o agronegócio”, observa a pesquisadora.