Centro Cívico de Curitiba se torna palco de teatro de rua e piquenique agroecológico



Por Laura Beal Bordin e Suelen Lorianny
Da Página do MST

Cerca de 2.500 crianças e adolescentes do MST se reuniram durante a tarde da última segunda-feira (31/10), na Praça Nossa Senhora da Salete, para realizar um piquenique agroecológico e teatros de rua. As atividades fazem parte da programação do 1º Festival de Artes das Escolas de Assentamento do Paraná, que teve início no sábado (29/10).

O piquenique contou com alimentos produzidos nos assentamentos e acampamentos do Paraná. Pães, queijos, frutas (banana, goiaba, laranja) e iogurtes estavam presentes no lanche ao ar livre.  “Esse ato é um exercício pedagógico muito importante na luta contra os agrotóxicos, pois demonstra que o consumo de alimentos saudáveis pode acontecer em todos os locais, tornando-se uma cultura do nosso povo”, afirma o membro da coordenação do MST no Paraná, Roberto Baggio.
 

Em 2011, a Via Campesina iniciou a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. O objetivo da campanha é sensibilizar e levar informação à população para que as pessoas estejam cientes de onde vêm os alimentos que consomem. Baggio explica que a agricultura brasileira, dominada pelas grandes empresas e pelos grandes fazendeiros, tem adotado um modelo de produção que tem como base central os químicos e agrotóxicos. Resultado: destruição da natureza e contaminação dos alimentos.

Por meio do piquenique da juventude e outras atividades relacionadas à campanha, o MST pretende afirmar que é possível construir um novo modelo de agricultura baseado na pequena propriedade, no trabalho familiar e na agroecologia. Além de propiciar alimentos sem veneno, esse modelo agrícola beneficia o mercado local, a educação e a cultura.

Expressão através da arte

Logo após o Piquenique, a Praça se transformou em palco. Por volta das 14h, jovens, crianças e adultos formaram um grande círculo para dar lugar às apresentações culturais. O primeiro teatro da tarde foi “O jacaré”.  A peça conta a história de animais da floresta que estão sendo perturbados e prejudicados pela presença do jacaré, um animal muito mais forte. Além de botar medo nos outros animais, o jacaré também está destruindo a natureza. Dessa forma, os demais animais resolvem se unir para lutar contra o jacaré.

O diretor Joelson Cruz explica que a peça é uma adaptação do livro “O jacaré que comeu a noite”, do escritor Joel Rufino dos Santos. O espetáculo, que trouxe bonecos gigantes para a cena, pertence ao grupo Companhia dos Ventos, de São José dos Pinhais.

Na seqüência, o grupo Saci Arte, do Colégio do Campo Iraci Salete Strozak, apresentou uma forte crítica à mídia hegemônica. “Até porque não acredito no que é dito, no que é visto/ Acesso é poder e o poder é a informação/ Qualquer palavra satisfaz”, gritavam os atores durante a encenação. As palavras são um trecho da música “Xanel nº5”, do grupo musical O Teatro Mágico. A música “O Anjo Mais Velho”, do mesmo grupo, também foi utilizada na apresentação. 

Os jovens, se expressando através da arte, conseguem trazer para o palco um pouco da realidade em que vivem. “Para transformarmos a nossa realidade também é preciso falar em uma linguagem simples para que o povo nos entenda, para que sejamos mais ouvidos”, afirma o integrante do grupo, Célio Jean da Rocha.

As atividades culturais encerraram às 16h e a juventude se encaminhou novamente para a Praça Santos Andrade, ponto de partida da Marcha pela Educação no Campo e Alimentos sem Agrotóxicos realizada pela manhã.

O evento contou com shows e apresentações teatrais

O I Festival de Artes das Escolas dos Assentamentos do Paraná e o 9º Encontro dos Sem Terrinha reuniu 2500 crianças, adolescentes e jovens no Teatro Guaíra, no centro de Curitiba. Durante a noite, os Sem Terrinhas tiveram a oportunidade de se apresentar e assistir a 10 apresentações entre shows e peças teatrais, apresentadas por alunos de escolas dos assentamentos do estado.

Os estudantes apreciaram shows de bandas como o grupo de hip Hop Veneno H2 e a banda Suvaco de Cobra, formada por estudantes formados pela Escola Latino Americana de Agroecologia na Lapa.

O estudante Gualter Lacerda Silva está no MST há dez anos e mora no assentamento da Lapa. O estudante se apresentou no Teatro Guaíra, mostrando o resgate da cultura da vida do campo através da música. Para Gualter, a música é uma forma de mostrar a luta do povo brasileiro. “É muito importante ter esse espaço, essa é uma atividade revolucionária. Dá mais força ao movimento”, diz. Gualter ainda ressalta que é uma sensação inexplicável se apresentar em um palco tão grande. “É muito emocionante, espero que todos tenham gostado”, completa o estudante.

O estudante Jailton Rosa da escola Caminhos do Saber foi um dos alunos a atuar em uma apresentação teatral. A “Equipe Cultural – Do Outro Lado da História” existe há 4 anos e desde então expressa suas lutas através da arte. Para ele o essencial é dar o melhor no palco. “Quando eu subo no palco penso em dar o meu máximo. Fico até emocionado de lembrar como foi, espero que todas as crianças e jovens tenham gostado”, afirma logo após a apresentação.

Segundo o estudante Giovani Ferreira, da escola Isaías Rafael da Silva no assentamento Libertação Camponesa em Ortigueira, o evento estava muito bom. “O que vamos levar daqui? Muitas lições para casa. Nunca deixar de buscar aquilo que a gente sempre imaginou para nós. Revolucionar o MST!”, diz o estudante, empolgado.

No último dia do encontro (01/11) os Sem Terrinha e jovens foram conhecer pontos importantes da capital paranaense, como o Zoológico Municipal, o Solar do Barão e o Memorial de Curitiba.

Leia mais sobre a atividade:

http://festivaldeartesdara.wordpress.com/?ref=spelling