MST discute a importância das rádios comunitárias em Santa Catarina

Por Rubens Lopes
Da Rádio Comunitária Campeche


No dia 02 de fevereiro desse ano, estudantes militantes do MST realizaram um debate sobre mídia durante o Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV). O debate aconteceu no Centro de Formação Olga Benário, que fica localizado no assentamento 25 de Julho em Catanduvas, região Oeste de Santa Catarina.

Por Rubens Lopes
Da Rádio Comunitária Campeche

No dia 02 de fevereiro desse ano, estudantes militantes do MST realizaram um debate sobre mídia durante o Estágio Interdisciplinar de Vivência (EIV). O debate aconteceu no Centro de Formação Olga Benário, que fica localizado no assentamento 25 de Julho em Catanduvas, região Oeste de Santa Catarina.

O Assentamento 25 de Julho tem 204 hectares de terra, sendo que 75 hectares de produção de alimentos, o que garante a subsistência dos assentados além de levar alimento até a cidade através do programa de combate a fome do governo federal. O Instituto Padre Vilson em Florianópolis é um dos que recebem o alimento direto do campo.

 

 

 

O debate

A alvorada começa a raiar. Ouve-se o canto dos pássaros e alguns passos, barulho de copos e um movimentar de pessoas. Dentro do Centro de Formação, nas mesas, está o café acompanhado de pão caseiro e geléia. Ali estão vinte e noves estudantes que participam das atividades no EIV.

Eles se organizam em brigadas e cada uma é responsável por uma função. Desde o grito de disciplina até as reuniões. Depois de todos tomarem o café da manhã, acontece uma mística. Assim se começa o dia ali: cantando, dançando, estudando e fortalecendo o corpo para a luta.

Para este dia estava marcado dois debates. Na parte da manhã o tema: Criminalização dos Movimentos Sociais, com a advogada Daniela Rabaioli. Daniela falou como o Estado age com maior força repressiva quando é agredido o bem privado, e utiliza o Direito, principalmente o Direito Penal, para legitimar a propriedade privada. Também explicou o papel da grande mídia de colocar apenas a versão dos poderosos. Daí, toda a luta dos movimentos sociais para manterem sua autonomia de organização.

Depois foi servido um almoço, feito pelas mesmas mãos que fizeram o pão do café da manhã. Mais tarde, alguns brigadistas participaram de uma vivência sobre composteiras aproveitando cascas de frutas, resto de comida, um pouco de serragem, capim, etc. Com isso, mostraram que se pode cultivar uma horta em casa com muitos alimentos saudáveis.

Na parte da tarde foi a vez de falar sobre mídia, especialmente sobre rádios comunitárias. Coube a mim levar um pouco da experiência da Rádio Comunitária Campeche, compartilhando as ideias. Contei o histórico da Rádio Campeche, que nasce depois da discussão do Plano Diretor para a cidade de Florianópolis, e da necessidade de informar os moradores sobre as lutas do bairro. Foi relatada a diferença entre rádio livre e rádio comunitária.

A rádio comunitária pressupõe o vínculo com a comunidade e ela opina e contribui nas decisões, Rádio Comunitária é compromisso. Falei sobre a dificuldade que enfrentamos para criar o vínculo com o comércio local, através dos apoios culturais. Da necessidade de alguém estar sempre se comunicando e buscando estes apoiadores que também ajudam a rádio existir. Algo que ainda não conseguimos, mas que é um trabalho a ser feito. Falei ainda sobre os associados, que são os moradores locais que podem contribuir com a programação, participar das atividades e fazer com que a rádio tenha mais dinâmica.

Foi um debate em forma de círculo, porque pode começar em qualquer ponto, como acreditam os zapatistas. Os olhares curiosos e a expectativa de poder construir rádios comunitárias em suas comunidades afloravam. Ou até a necessidade de lutar para que a identidade e a beleza do lugar em que vivem sejam respeitadas, assim como nós lutamos pelo Campeche.

Ao findar a tarde, caminhamos juntos até uma cachoeira para ouvirmos as pedras que correm no porão da história, ali nos banhamos para recomeçar outro dia de busca por vida boa e bonita para todos.