Entidade lança campanha de solidariedade às famílias acampadas no Gregório Bezerra

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Da Página do MST


A Grassroots International, organização de direitos humanos e desenvolvimento internacional baseada nos Estados Unidos, iniciou uma campanha internacional de solidariedade às famílias Sem Terra do acampamento Gregório Bezerra, em Pernambucano.

A campanha busca mobilizar a comunidade internacional para exigir providências do Governo de Pernambuco e do Governo Federal contra as violências e violações de direitos humanos que as famílias do acampamento Gregório Bezerra vêm sofrendo desde abril do ano passado.

“Quanto lemos o relatório que o MST de Pernambuco nos enviou, no qual mencionava o caso do acampamento Gregório Bezerra ficamos indignados e resolvemos organizar uma ação de solidariedade às famílias”, disse Saulo Araújo, coordenador de Programa para a America Latina.

A ação de solidariedade consta do envio de cartas ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e à Secretária Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, Maria do Rosário, exigindo a investigação e punição de todos os envolvidos nos atos de violência e a desapropriação da fazenda Serro Azul por interesse social, “única forma de realmente acabar com a violência contra as famílias do acampamento Gregório Bezerra e transformar as injustas relações sociais no campo, que perduram desde o Brasil colônia e que são as causadoras de tanta violência”, diz a carta.

Segundo Saulo, a Grassroots International espera atingir pelo menos 3.000 cartas. “Temos uma base aqui de 3.500 afiliados. Na última ação de solidariedade que realizamos, conseguimos que 2.000 pessoas enviassem carta de repudio às autoridades de governo”.

MANDE SUA CARTA

Cartas podem ser enviadas através da página da Grassroots International http://act.grassrootsonline.org/p/dia/action/public/?action_KEY=10900 ou pela página dos Amigos do MST nos Estados Unidos http://www.mstbrazil.org/news/urgent-action-regarding-violence-against-landless-pernambuco

Histórico da violência

Certos de contarem com a omissão do Estado e com a conivência dos poderes judiciários e das polícias locais, fazendeiros de Pernambuco intensificam a violência contra trabalhadores rurais Sem Terra em Pernambuco.

A situação vivida pelas 100 famílias do acampamento Gregório Bezerra, próximo à fazenda Serro Azul, no município de Altinho, região agreste de Pernambuco, é o exemplo mais brutal dessa violência.

A fazenda Serro Azul foi ocupada pela primeira vez por trabalhadores rurais Sem Terra durante a Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, no dia 17 de abril de 2011. Desde então essas famílias vêm sofrendo ameaças, intimidações e violência física permanente por parte do representante da fazenda, Sr. Luiz Reis, por pistoleiros contratados por ele, pelas polícias dos municípios de Altinho e Agrestina, pelo delegado, pelo promotor e pelo juiz do município de Altinho. Além disso as famílias já sofreram três despejos por parte da polícia militar, um deles extremamente violento e repletos de ilegalidades e violações de direitos humanos, onde as famílias tiveram seus barracos e pertences totalmente destruídos.

Somente esse ano foram várias as violências cometidas contra as famílias acampadas. No dia 19 de fevereiro de 2012, o representante da fazenda Serro Azul, Sr. Luiz Reis, armado e acompanhado de três pistoleiros, agrediu fisicamente a acampada Josefa Maria de Belquior, apertando seu pescoço na tentativa de sufocá-la.

Alguns dias depois, no dia 02 de março, por volta das 00:00hs, cinco pistoleiros da fazenda começaram a atirar em direção às famílias acampadas. Os pistoleiros portavam pistolas pequenas e espingardas 12.

Menos de um mês depois, mais brutalidade. No dia 22 de março, o trabalhador rural Sem Terra conhecido como Seu Antônio, foi abordado pelo mesmo Sr. Luiz Reis, e outras quatros pessoas, na estrada que liga o povoado de Santo Antônio ao acampamento. Após colocarem uma arma em sua cabeça ele foi barbaramente espancando, com vários chutes no corpo e na cabeça, que resultou em uma costela quebrada.

No dia seguinte o Sr. Luis Reis e outros dois pistoleiros abriram fogo contra famílias Sem Terra, que se encontravam acampadas próximo à fazenda. Duas mulheres e um adolescente foram atingidos.

Por outro lado todos os ditos “poderes públicos”, que deveriam trabalhar a serviço do conjunto da sociedade, se colocam a disposição de um indivíduo na defesa dos interessas de uma minoria, em detrimento à defesa dos direitos da maioria da população: a polícia atua como segurança privada de um fazendeiro; o promotor legitima ações de violência contra acampados; o delegado se recusa a abrir inquérito para investigar denuncias de ameaças contra as famílias; o Governo Estadual se mostra omisso e conivente.

Essas violações de direitos humanos já foram repetidamente denunciadas aos poderes públicos do Estado de Pernambuco e aos diversos órgãos responsáveis (Ouvidoria Agrária Nacional, Promotoria Agrária do Estado de Pernambuco, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA), sem que nenhum desses órgãos tenha tomado nenhuma providência concreta.

A investigação e punição de todos os envolvidos nos atos de violência, assim como os que a legitimaram por parte do poder público, é urgente e indispensável. Mas entendemos que essa situação de conflito é gerada pela concentração de terra e pela “lei do coronelismo”, fruto dessa mesma concentração de terra, onde os proprietários de terra mandam na polícia e no poder judiciário local e tem poder de vida e morte sobre a população, protegidos pelo manto da impunidade e do poder político e econômico. Assim, a única forma de acabar com a violência contra as famílias do acampamento Gregório Bezerra, é a desapropriação da fazenda Serro Azul para fins de Reforma Agrária. Essa fazenda tem todos os requisitos para ser desapropriada pelo Governo do Estado por interesse social, e essa é a única forma de transformar as relações sociais no campo, que perduram desde o Brasil colônia e que geram tanta violência.