“Para cada morte, gritaremos mais forte: Reforma Agrária Já!”

 

Por Ramiro Oliver

Da Página do MST

Às vésperas do julgamento do mandante do Massacre de Felisburgo, o latifundiário Adriano Chafik Luedyna, contra trabalhadores sem terra que ocupavam a fazenda Nova Alegria, o MST de Minas Gerais vai realizar a Plenária do Comitê, em parceria com representantes de Instituições e organizações sociais do estado.

 

Por Ramiro Oliver

Da Página do MST

Às vésperas do julgamento do mandante do Massacre de Felisburgo, o latifundiário Adriano Chafik Luedyna, contra trabalhadores sem terra que ocupavam a fazenda Nova Alegria, o MST de Minas Gerais vai realizar a Plenária do Comitê, em parceria com representantes de Instituições e organizações sociais do estado.

O comitê irá reuinir, no dia 29 de Outubro, diversas organizações sociais para repudiar o Massacre de Felisburgo, ocorrido em 20 de Outubro de 2004, no qual cinco trabalhadores foram brutalmente assassinados e aproximadamente 20 foram feridos gravemente.

Entre os participantes da Plenária do Comitê, estarão presentes a Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Levante Popular da Juventude, entre outras representações da sociedade civil.

Silvinho, da Direção estadual do MST– MG, fala da importância do espaço da Plenária do Comitê. “Além de ser um espaço para discutir a violência e as injustiças cometidas contra trabalhadores, é também um espaço para aglomerar o máximo do conjunto das organizações e representações da sociedade, para que de fato se possa fechar um pacto entre movimentos do campo e da cidade”. Para o dirigente, esse momento de construção coletiva será muito importante para o conjunto do Movimento Sem Terra.

Histórico – No dia 20 de novembro de 2004, dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, cerca de quinze jagunços liderados pelo fazendeiro e empresário Adriano Chafik Luedy invadiram o Acampamento Terra Prometida, do MST, assassinando covardemente Iraguiar Ferreira da Silva (23 anos), Miguel José dos Santos (56 anos), Francisco Nascimento Rocha (72 anos), Juvenal Jorge da Silva (65 anos) e Joaquim José dos Santos (49 anos).

Todos os tiros foram à queima roupa. Feriram outras 20 pessoas, das quais uma era criança de apenas 12 anos que levou um tiro no olho. Atearam fogo no acampamento, reduzindo a cinzas 65 barracas, inclusive a barraca da escola, onde 51 adultos faziam, todas as noites, o curso de alfabetização.

Os trabalhadores sem terra do acampamento Terra Prometida vinham recebendo ameaças há mais de dois anos, desde o dia 1º de maio de 2002, quando ocuparam o latifúndio, que é, parcialmente, de terras devolutas ainda não arrecadadas pelo Estado. Inúmeros Boletins de Ocorrência foram registrados na delegacia local.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT), no dia 24 de novembro de 2004, fez uma representação junto à Secretaria de Segurança Pública, alertando que oito jagunços estavam a dois dias dentro do acampamento, mas as autoridades não tomaram as medidas para evitar o massacre. 

Estes fatos ganharam repercussão nacional e internacional, mas não são isolados. Eles se inserem no bojo dos 112 conflitos agrários no estado de Minas Gerais, registrados pela CPT em 2004. Estes conflitos, além dos nove assassinatos ocorridos em Minas Gerais, foram responsáveis por 32 tentativas de assassinato, 27 ameaças de morte, 24 torturados, 75 presos e 56 feridos.

A CPT de Minas entregou ao Governo do Estado e à Assembléia Legislativa de Minas Gerais um dossiê denunciando a existência de milícias armadas, compostas muitas vezes por policiais a serviço do latifúndio, ameaçando militantes de movimentos sociais no estado. A CPT/MG também registrou 26 ataques de jagunços a acampamentos nos anos de 2003 e 2004. 

Adriano Chafik, réu confesso, responde o processo em liberdade. Foi preso duas vezes, mas conseguiu hábeas corpus e saiu da prisão. Outros pistoleiros denunciados pelo Ministério Público de Minas Gerais estão soltos ou foragidos, sendo que um já morreu. Nenhuma família foi indenizada até agora. Em 21 de fevereiro de 2007, a sede da Fazenda Nova Alegria foi ocupada pelos sem terra que resistem lá até hoje.

A justiça não concedeu reintegração de posse da sede da fazenda a Adriano Chafik em vista de estar pendente o julgamento da Ação Discriminatória das terras devolutas. O gado que existia na fazenda – 1763 cabeças – foi retirado sob “escolta” da polícia militar. Os vaqueiros também foram retirados da propriedade, o que diminuiu as ameaças sobre os sem terra na área.