Mulheres do MST ocupam terras da União invadidas pela Cutrale


Por Jade Percassi
Da Página do MST

Por Jade Percassi
Da Página do MST

Neste domingo (11), cerca de 300 mulheres do MST ocuparam a Fazenda Santo Henrique, da empresa sucocítrico Cutrale, no município de Borebi, interior de São Paulo. A ocupação tem por objetivo denunciar a grilagem de terras públicas e o uso abusivo de agrotóxicos pela Cutrale, além de evidenciar a paralisia da Reforma Agrária em todo o país. 
As terras que a Cutrale explora pertencem ao Núcleo Colonial Monções, criado a partir do ano de 1909, quando a União adquiriu, no Estado de São Paulo, terras para assentamento de colonos imigrantes. 
Em 2007, a Justiça Federal cedeu a totalidade do imóvel ao Incra, mas a empresa permaneceu na área com base em ações judiciais protelatórias. “Desde que a Cutrale grilou as terras e passou a monopolizar a produção, milhares de pequenos e médios agricultores foram à falência e milhares de hectares de plantação de laranja foram destruídos”, denuncia Kelli Mafort, da direção nacional do MST. 
Agrotóxicos
Segundo a dirigente, a Cutrale usa em larga escala toda espécie de venenos, pesticidas e agrotóxicos, causando poluição das águas, especialmente o lençol freático que abastece o Aquífero Guarani. Em 2011, a empresa foi condenada pelo MPT por terem sido flagrados mais de trinta trabalhadores em condições precárias, análogas à escravidão em seus alojamentos. 
 
“Trata-se de um exemplo completo do avanço do agronegócio: concentração de terras, monocultura para exportação, uso indiscriminado de agrotóxicos, desrespeito às leis trabalhistas e ao meio ambiente. Enquanto isso, no estado de São Paulo nos últimos anos, assim como em outros estados, não foram executados novos assentamentos, a despeito da permanência de milhares de famílias acampadas e da determinação constitucional de direcionar as terras públicas para a realização da Reforma Agrária”, destaca.
 
Em 2009, a ocupação desta área pelo MST teve grande repercussão nos meios de comunicação devido à derrubada de pés de laranja para a plantação de alimentos como feijão, milho, entre outros. “À época, a grande mídia optou por criminalizar a jornada nacional de luta pela Reforma Agrária, omitindo informações sobre inúmeros processos na Justiça contra a Cutrale por desrespeito aos direitos trabalhistas, crimes ambientais e pressão contra pequenos produtores através da formação de cartel”, relembra Kelli.