Pesquisa revela queda de produtividade do milho transgênico nos EUA

 

Da Campanha Brasil Ecológico,
Livre de Transgênicos e Agrotóxicos

 

Embora as modificações genéticas realizadas nas plantas transgênicas atualmente semeadas em escala comercial (soja, milho, algodão e canola) não tenham sido realizadas para aumentar sua produtividade, mas sim para as tornarem resistentes à aplicação de herbicidas e/ou tóxicas a lagartas, boa parte da propaganda em torno da tecnologia faz referência a supostos ganhos de produtividade.

 

Da Campanha Brasil Ecológico,
Livre de Transgênicos e Agrotóxicos

 

Embora as modificações genéticas realizadas nas plantas transgênicas atualmente semeadas em escala comercial (soja, milho, algodão e canola) não tenham sido realizadas para aumentar sua produtividade, mas sim para as tornarem resistentes à aplicação de herbicidas e/ou tóxicas a lagartas, boa parte da propaganda em torno da tecnologia faz referência a supostos ganhos de produtividade.

E na lógica da mentira que ao ser muito repetida se torna uma espécie de “verdade”, aumentos de produtividade são há bastante tempo frequentemente referidos como consequência direta do plantio de sementes transgênicas.

A edição de fevereiro da revista Nature Biotechnology traz um artigo divulgando pesquisa que avaliou a produtividade e o risco de perdas na colheita de diferentes tipos de milho transgênico (tolerantes a herbicida e/ou tóxicos a lagartas – Bt).

Embora o texto deixe perfeitamente evidente a simpatia dos autores pela tecnologia, pontuando a todo momento argumentações favoráveis aos transgênicos, os dados apresentados colocam em xeque a alegação de que as lavouras transgênicas seriam mais produtivas.

O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Wisconsin (EUA) e financiada pelo Departamento de Agricultura do governo americano (USDA, na sigla em inglês).

Os pesquisadores analisaram dados de experimentos de campo entre 1990 e 2010 em Wisconsin para testar a hipótese de que o milho que expressa uma ou várias características transgênicas combinadas (os chamados “piramidados”) apresenta maior produtividade e menor risco de produção.

Mas, para a surpresa dos pesquisadores, os resultados mostraram que a produtividade dos milhos transgênicos foi, na média, menor que a dos híbridos convencionais: quando as características transgênicas foram testadas isoladamente (milho Bt tóxico à lagarta do cartucho, Bt tóxico à lagarta diabrótica, tolerante ao herbicida glifosato e tolerante ao herbicida glufosinato de amônio), a produtividade variou de -770 kg/hectare a +409 kg/hectare.

Mas o mais interessante da pesquisa foi a avaliação dos milhos piramidados. As interações entre os genes que acontecem quando as modificações genéticas são “piramidadas” são comprovadas nesta pesquisa. Segundo os autores, “se não houvesse interações entre os genes, o efeito dos genes piramidados seria igual à soma dos efeitos isolados correspondentes”. E, segundo relatado no artigo científico, foram encontradas “fortes evidências de interação genética entre as características transgênicas quando elas são piramidadas.” [efeito que aqui a CTNBio insiste em afirmar que jamais ocorre]

Os números mostram que, enquanto algumas combinações de transgenes não mostram diferenças estatisticamente significativas de produtividade, outras provocam efeitos negativos significativos. Efeitos positivos provocados pela interação genética foram observados somente em uma combinação, quando foram sobrepostos os transgenes de tolerância à lagarta do cartucho e à diabrótica.

De um modo geral, os resultados levaram os autores a concluir que “a evidência de efeitos negativos decorrentes das interações genéticas entre os transgenes sugere que os híbridos transgênicos podem apresentar desempenho pior do que os híbridos convencionais.”

Passando para a questão do risco de perda de colheita, os pesquisadores verificaram que as lavouras transgênicas tenderam a apresentar menor variação de produtividade de um ano para outro, o que, para eles, representa um menor risco.

No afã de apresentar uma avaliação positiva da tecnologia, em seguida aos resultados negativos relativos à produtividade dos milhos transgênicos os autores do artigo afirmam: “Isso [os resultados negativos de produtividade] mostra que a redução do risco na produção é uma importante fonte de benefícios da tecnologia transgênica, especialmente para as características piramidadas”.

Para finalizar, os autores concluem que “a tecnologia transgênica pode melhorar a habilidade dos agricultores de lidar com um meio ambiente arriscado” e que “a disponibilidade desta tecnologia parece importante dadas as atuais preocupações com relação aos efeitos das mudanças climáticas sobre a incerteza na produção agrícola”.

Uma ginástica e tanto para passar uma imagem positiva dos transgênicos.

Com informações de:

Guanming Shi, Jean-Paul Chavas & Joseph Lauer. Commercialized transgenic traits, maize productivity and yield risk. Nature Biotechnology Volume 31 Number 2 February 2013.

Do GMO Crops Really Have Higher Yields? – Mother Jones, 13/02/2013.