1° Encontro Unitário Camponês da PB cobra soluções à presidenta Dilma

 

 

Da Página do MST
 
Representantes de movimentos sociais que participaram do 1° Encontro Unitário Camponês da Paraíba, entregaram nesta terça (5) à presidenta Dilma Rouseff, dois documentos que foram escritos ao fim do evento, que ocorreu entre 26 a 28 de fevereiro. (Clique aqui para ler a declaração unitária do encontro e aqui para ler a carta política das organizações à Dilma). 
O 1° Encontro Unitário Camponês da Paraíba reuniu diversos movimentos camponeses, sem-terra, quilombolas, povos indígenas, atingidos por barragens, sindicalistas e técnicos rurais.
O Encontro é um desdobramento do Encontro Nacional Unitário dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas ocorrido em agosto de 2012, e sob o lema “por Reforma Agrária, Terra, Território e Dignidade”, serviu como uma construção de unidade contra as ofensivas do agro e hidronegócio e do poder público, que causam uma exclusão cada vez maior no campo, aumentando a desigualdade e expulsando comunidades.
 
“Casos emblemáticos apresentados em nosso encontro evidenciam a essência violenta deste modelo que subtrai das populações locais o direito de acesso à terra de trabalho, o livre acesso aos recursos naturais (água e biodiversidade), suas formas de organização econômica e suas identidades socioculturais. A cultura patriarcal que impõe relações desiguais entre homens e mulheres permanece inalterada ampliando ainda mais a violência desse modelo.”, afirma o documento final do Encontro. 
 
Os movimentos sociais da Paraíba afirmam que para se criar um novo modelo de desenvolvimento, capaz de respeitar o homem, o meio ambiente e criar alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos, é preciso que se concretize uma Reforma Agrária no país; que se garanta a soberania alimentar, territorial e energética, e que a agricultura familiar, aliada ao modelo de produção agroecológico, seja valorizada.
 
“Nós, trabalhadores e trabalhadoras do campo paraibano, exigimos o redirecionamento das políticas e ações do estado da Paraíba e da esfera federal, pois o campo não suporta mais. Seguiremos em marcha, mobilizados em unidade e luta e, no combate ao nosso inimigo comum, construiremos uma Paraíba e um Brasil com uma sociedade justa, solidária e sustentável”.
 
Seca – O encontro também produziu um segundo documento, analisando quais motivos fazem que a seca na região tenha impactos sociais tão destrutivos para os agricultores familiares e pequenos produtores e seja um problema constante. Apenas se tomando medidas estruturantes, que adotem uma noção de convivência com o Semiárido, que pressupõe a tomada de diversas medidas estruturantes, que capacitem os agricultores e produtores a produzir e viver de forma digna, adaptando-se à seca, é que se poderá resolver o problema.
 
“Nos perguntamos por que, em pleno século XXI, continuamos a assistir o drama social a que as famílias camponesas estão submetidas há séculos. A resposta se encontra no passivo histórico de negligência do Estado brasileiro para com os povos sertanejos, mantendo e reforçando a concentração da terra, o acesso à água, à riqueza e ao poder nas mãos de grupos oligárquicos. Ao invés de enfrentar os problemas estruturais, reais geradores desta crise, a cada nova seca o Estado tem se curvado para atender aos interesses dessa elite oligárquica por meio do que se convencionou denominar a ‘indústria da seca’”. 
 
O documento aponta que muitas soluções concretas para o problema da seca partem de ações feitas por organizações da sociedade civil: “Frente às sucessivas secas estão os mecanismos comunitários de ajuda mútua, reciprocidade, solidariedade e auto-organização que, em grande medida, garantem as condições de convivência com a seca. Inspirados nesses princípios, as organizações camponesas vêm constituindo as redes de bancos de sementes comunitários, as estratégias de armazenamento de forragem, os fundos rotativos solidários voltados a financiar animais e outros insumos produtivos e as estratégias coletivas de construção de infraestruturas hídricas (cisternas, barreiros trincheiras, barragens subterrâneas)”.
 
Por fim, o documento aponta medidas estruturantes que o governo deve tomar para, em conjunto com as ações das organizações sociais, possam resolver o problema da seca. Dentre as medidas estão a democratização do acesso à terra e à água; a criação de um programa de sementes crioulas; o fortalecimento das estratégias de estocagem e a intensificação do programa de assistência técnica aos pequenos camponeses.