Mulheres Sem Terra ocupam a sede da Conab em Itaberaba na Bahia

Por Romilson Souza, Leonardo Macedo, Amélia Souza e Roque Reis
Da Página do MST

Nesta terça-feira (5), 1200 trabalhadoras e trabalhadores rurais, em sua maioria mulheres ligadas ao MST, realizaram uma mobilização no município de Itaberaba (BA) e ocuparam a sede regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Elas reivindicam a liberação imediata das cestas básicas que estão retidas no galpão da Companhia e exigem a renegociação da dívida contraída por meio do Programa Compra Antecipada.

Esta ação faz parte da “Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra” que está acontecendo em todo o estado. Este ano a jornada traz como lema Mulheres Sem Terra na luta contra o capital e pela soberania dos povos.

Histórico

No ano de 2003 e 2004, algumas associações dos assentamentos de reforma agrária do estado da Bahia (aproximadamente 3 mil agricultores ligados ao MST) acessaram o financiamento da Conab modalidade COMPRA ANTECIPADA para o plantio da cultura da mandioca. O pagamento seria com o produto beneficiado, nesse caso a farinha. O prazo de pagamento desse financiamento foi de dois anos, logo o pagamento deveria ocorre em 2005 e 2006.

Após o beneficiamento, os agricultores foram entregar a farinha para a Conab que, antes de receber, faz uma avaliação do produto, por exigir um determinado padrão de qualidade da farinha. Entretanto, quase 100% da farinha produzida nos assentamentos não foram aceitas no padrão da Conab, surgindo o impasse, pois a forma dos agricultores/as quitar o financiamento seria com a farinha. Com isso, como a Companhia não estava aceitando receber o produto, os agricultores não tinha como pagar o financiamento.

Cestas básicas

As mulheres camponesas também estão reivindicando a liberação das cestas básicas que estão retidas nos galpões das Conab no estado da Bahia. As cestas eram distribuídas para os acampados de áreas de reforma agrária, mas há alguns meses este benefício não foi repassado, deixando os acampados em situação ainda mais difícil. Os galpões estão superlotados com os alimentos que estão vencendo.

Lutas

O principal objetivo dessas lutas é solucionar as questões referentes à Conab, alertar e lutar contra todas as formas de violência sofrida pelas mulheres, denunciar o modelo destrutivo do agronegócio, que danifica o meio ambiente e ameaça a soberania alimentar do país e denunciar o retrocesso das conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, em especial a reforma agrária.

A Jornada Nacional de Luta das Mulheres também coloca como desafio a divulgação e a construção de formas de viver e produzir que contribuam para a soberania alimentar do país e a preservação da biodiversidade.

Pautas:

– Abertura para renegociação das dívidas;

-Retirada imediata do nome dos agricultores da dívida ativa da União;

-Pagamento apenas do valor contratado pelo Programa Compra Antecipada, sem cobrança de juros e encargos.

-Repasse com urgência das cestas básicas e garantia da continuidade deste benefício para os acampados.