Para presidenta da Copran, o trabalho coletivo e produtivo muda a realidade

 

 

Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

 

O Paraná foi destaque nacional neste início de 2013, com a inauguração do laticínio da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), em Arapongas, na presença da presidenta da República Dilma Rousseff. À frente do empreendimento, o trabalho de uma mulher faz toda a diferença e é um exemplo de como é possível ampliar as condições de autonomia nos projetos de assentamento da reforma agrária no país.

 

 

Por Riquieli Capitani
Da Página do MST

 

O Paraná foi destaque nacional neste início de 2013, com a inauguração do laticínio da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), em Arapongas, na presença da presidenta da República Dilma Rousseff. À frente do empreendimento, o trabalho de uma mulher faz toda a diferença e é um exemplo de como é possível ampliar as condições de autonomia nos projetos de assentamento da reforma agrária no país.

A presidenta da Copran, Dirlete Dellazeri, 49 anos, mãe de dois filhos, comanda uma estrutura centralizada na agroindústria, com mais de quatro mil famílias vivendo no entorno do assentamento Dorcelina Folador, onde fica a cooperativa. 

O local foi escolhido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para o lançamento nacional do programa Terra Forte, criado pelo Governo Federal para aprimorar a agroindustrialização em assentamentos, apoiar a verticalização de cadeias produtivas de assentados da Reforma Agrária e dar a eles ferramentas de comercialização.

Natural de Chapecó (SC), Dirlete viveu a maior parte da vida no Paraná. Filha de pequenos agricultores de Nova Cantu(PR), com 10 irmãos, a assentada conheceu o drama de não ter terra suficiente para viver. 

“Não havia possibilidade da família inteira permanecer em uma área de dez alqueires, e a maior preocupação dos meus pais era garantir a educação dos filhos”, lembra. Licenciada em História pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Dirlete sempre teve a trajetória de vida ligada às questões sociais, motivadas principalmente com a ligação que teve com a igreja católica.

“No ensino médio, participei de várias atividades com a Juventude das Comunidades Eclesiais de Base, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A militância nos movimentos sociais  ligados à terra começou em 1989”, explica.  

Depois de trabalhar na criação da Escola Josué de Castro (Iterra), em Veranópolis (RS) e participar da organização do MST em Mato Grosso do Sul, Dirlete recebeu o lote no assentamento do Incra em Arapongas (PR).

“Sou catarinense, mas sempre quis voltar ao lugar de coração que é o Paraná”, completa. Com 93 famílias assentadas, o assentamento Dorcelina Folador é a maior comunidade rural de Arapongas. Nesse espaço, as mulheres ocupam um papel importante no trabalho e na manutenção das estruturas familiares. 

“A identidade da mulher se completa quando ela passa a fazer parte do processo produtivo. Aqui, realizamos o sonho do trabalho coletivo, e quando somos produtivos, conseguimos mudar a realidade”, diz Dirlete.  

Laticínio – O resultado do esforço coletivo dos assentados em Arapongas está na consolidação da Copran. O laticínio de beneficiamento de leite e derivados da cooperativa tem capacidade de 90 mil litros/dia e foi financiado pelo fundo social do BNDES, em um investimento de R$ 8 milhões.

Há dezesseis anos no mercado, a Copran iniciou as atividades em Tamarana, no Norte do Paraná, com a produção de frutas e verduras.  A organização e qualificação dos assentados fez com que a comercialização de leite se tornasse a principal fonte de renda das famílias. 

A intenção dos assentados agora é trabalhar na produção de leite somente a pasto, de forma agroecológica, sem utilização de insumos. Para auxiliar nesse processo, a Copran dispõe de Centro de Formação e Produção, que difunde a tecnologia empregada nas atividades de bovinocultura de leite. A partir deste ano de 2013, a Copran vai receber apoio do Incra para a qualificação da gestão. 

Por meio de convênio assinado com a Fundação Terra de Apoio ao Desenvolvimento Rural, serão investidos R$ 7 milhões nos próximos três anos em assessoria e consultoria junto aos gestores e operadores dos empreendimentos agroindustriais para melhorias dos processos industriais e incremento na comercialização da produção, com foco nos mercados institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).