Mulheres denunciam violações de obras da Copa do Mundo em Porto Alegre


Da Página do MST

 

Cerca de 700 mulheres da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Levante realizam hoje a partir das 9h ato de denúncia na Avenida Tronco, uma das obras da Copa realizada pela Prefeitura de Porto Alegre. A concentração será na esquina da Rua Padre Nóbrega com a Avenida Cruzeiro.


Da Página do MST

 

Cerca de 700 mulheres da Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e Levante realizam hoje a partir das 9h ato de denúncia na Avenida Tronco, uma das obras da Copa realizada pela Prefeitura de Porto Alegre. A concentração será na esquina da Rua Padre Nóbrega com a Avenida Cruzeiro.

As mulheres dos movimentos sociais se somam às moradoras da região para denunciar a violação de direitos humanos e sociais, marcada pelos despejos e remoções forçados das famílias, trazendo diversas consequências à população, especialmente para as mulheres. O ato de denúncia será realizado ao longo da Avenida Tronco.

As mulheres e a Copa

Segundo o Comitê Popular da Copa, 1500 famílias no leito da Avenida Tronco estão sendo diretamente atingidas pela obra de duplicação, que promete o alargamento de 5,3km da Avenida. As moradoras, muitas vezes chefes de família e protagonistas do cuidado com a moradia, sofrem diretamente com as consequências.

Entre elas, pode-se citar a perda e/ou aumento da carga de trabalho para as mulheres das áreas periféricas; novos encargos com relação aos filhos e pessoas idosas na família; perda das sociabilidades que se estabeleciam em seus lugares de moradia; principalmente, aumento da exploração sexual infantil e arregimentação de mulheres para atender sexualmente aos turistas.

A Copa do Mundo em Porto Alegre

170 mil famílias brasileiras e 8 mil famílias porto-alegrenses estão sendo diretamente afetadas pelas obras da Copa. Ou seja, na cidade, cerca de 36 mil pessoas serão atingidas através de despejos e remoções. As remoções, de maneira geral, têm sido feitas de forma arbitrária, onde as únicas alternativas ofertadas pela prefeitura são o aluguel social e o bônus moradia, medidas que de forma geral não garantem à população o direito à moradia. A moradia adequada foi reconhecida como direito humano em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tornando-se um direito humano universal. Os Estados têm a obrigação de promover e proteger este direito.

Hoje, já são mais de 12 textos diferentes da ONU que o reconhecem. Esse direito não se resume a apenas um teto e quatro paredes, mas ao direito de todas as pessoas terem acesso a um lar e a uma comunidade seguros para viverem com dignidade.

Jornada Nacional de Luta das Mulheres do Campo e da Cidade

A Jornada Nacional acontece desde 2006 e congrega ações articuladas nacionalmente pelas mulheres dos movimentos que compõe a Via Campesina, pelas mulheres do MTD e do Levante Popular da Juventude. Ao longo desses anos, diversas ações foram protagonizadas pelas mulheres como forma de luta e resistência à opressão e à dominação que sofrem na esfera privada e pública pelo sistema machista e patriarcal.

A Jornada aglutina as demandas das mulheres dos movimentos sociais através de ações conjuntas, que evidenciam as diversas formas de violência sofridas no cotidiano. Em 2013, o tema “Por vida e soberania alimentar, basta de violência contra a mulher” evidencia as diversas formas de violência contra as mulheres, como a violação dos direitos humanos, ausência de políticas para produção de alimentos saudáveis, ausência de uma política de moradia para o campo e para a cidade.

A redução dessa violência, segundo as mulheres, passa pela produção de alimentos saudáveis, preservação das sementes crioulas, práticas agroecológicas sem agrotóxicos, a realização de uma reforma agrária e urbana que atenda aos interesses do povo brasileiro e mudanças estruturais nas relações entre as pessoas e destas com o meio ambiente.

A ação será realizada ao longo do dia e contará com outras atividades.