Acampamento em Brasília presta homenagem à liderança assassinada


Do Andes

Cerca de 200 trabalhadores rurais sem terra realizaram na noite desta terça-feira (2), em Brasília, um ato em defesa da Reforma Agrária, como uma das principais formas de desenvolvimento do meio rural brasileiro. A atividade aconteceu no Acampamento Nacional Hugo Chávez, instalado na capital federal desde o dia 5 de março.


Do Andes

Cerca de 200 trabalhadores rurais sem terra realizaram na noite desta terça-feira (2), em Brasília, um ato em defesa da Reforma Agrária, como uma das principais formas de desenvolvimento do meio rural brasileiro. A atividade aconteceu no Acampamento Nacional Hugo Chávez, instalado na capital federal desde o dia 5 de março.

Estiveram presentes também professores e estudantes da UNB, representantes do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de rua do DF, a Federação dos estudantes de direito, membros da Embaixada da Venezuela, servidores do INCRA e o  Levante popular da Juventude.

Com apresentação de música e teatro, um grupo contou a luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e sua ligação com outros movimentos e entidades, destacando a importância da democratização da terra, com dizeres como “Se o campo não planta, a cidade não janta”. Após a apresentação, foi realizado um minuto de silêncio, seguido de uma salva de palmas, em homenagem a Fabio dos Santos Silva, liderança do MST assassinada na Bahia, numa emboscada, na madrugada da terça (2).

Membro da coordenação Nacional do MST, Amanda Mateus, ressaltou que a resposta do movimento à violência será a ocupação de novas terras e a continuidade da luta.  “No Brasil, a Reforma Agrária segue paralisada. O governo Dilma entrou para a história com o pior índice de desapropriação de terras dos últimos 20 anos. Estamos acampados permanentemente em Brasília para pressionar o governo, pois queremos a realização da Reforma Agrária como modelo de desenvolvimento viável para o campo”, afirmou Amanda Mateus, da coordenação nacional do MST.

Segundo Amanda, a ideia é permanecer no local até que a temática Reforma Agrária seja pauta e encaminhada pelo governo federal. “Nós temos uma pauta. Queremos o assentamento das 90 mil famílias do MST que estão acampadas Brasil afora. Além disso, viemos também denunciar a diminuição das áreas desapropriadas e a morosidade do judiciário”, explicou.

Atualmente existem no Brasil mais de 150 mil famílias acampadas. Destas, 90 mil são do MST. No governo Dilma, as 31 áreas desapropriadas totalizaram 72 mil hectares, quantia ínfima se comparada aos mais de 309 milhões de hectares de terras estão sob o domínio do agronegócio.

A coordenadora do MST lembrou ainda a necessidade da construção da unidade da classe trabalhadora e do envolvimento dos trabalhadores rurais em terra nas demais lutas como a defesa saúde pública, da educação pública e contra a privatização da água, por exemplo. Ela concluiu convidando todos a conhecer e participar das atividades do Acampamento Nacional Hugo Chávez.

O ANDES-SN esteve presente ao ato, junto com representantes de outras entidades e parlamentares. Em sua fala, o 3º tesoureiro do Sindicato Nacional, João Negrão, reafirmou a solidariedade da entidade ao MST, lembrando que a integração dos docentes ao movimento foi pautada no 32º Congresso do ANDES-SN.

“Entendemos que a luta dos trabalhadores é a luta do nosso Sindicato e a defesa da reforma agrária também faz parte da luta dos professores”, reafirmou o diretor do ANDES-SN, que participou da atividade acompanhado da 1ª vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN, Maria Suely Soares.

O deputado Padre João (PT-MG), afirmou que o posicionamento do governo em relação à Reforma Agrária é inadimissivel. “A Reforma Agrária está totalmente parada, o MDA e o INCRA estão sucateados, é muito triste dizer isso em um governo do PT”. 

O Acampamento

Cerca de 200 pessoas fazem parte do Acampamento Nacional Hugo Chavez, montado em Brasília desde 5 de março. Inicialmente, a ideia do movimento era instalar o acampamento na Esplanada dos Ministérios próximo à sede do Incra Nacional, para dar mais visibilidade à pauta do MST. No entanto, eles tiveram que remover as tendas para o terreno cedido pelo Governo Distrital, ao lado do Incra DF, próximo ao palácio do Buriti.

Apesar da autorização do GDF para permanecer no local e de contarem com instalação elétrica e água encanada, os trabalhadores denunciam estarem sofrendo a repressão velada da polícia, que realiza diariamente treinamentos com bombas de gás lacrimogêneo, ao lado das barracas que servem de dormitório.

“Segundo relatos do pessoal do Incra DF, os treinamentos aconteciam uma vez por mês. Desde que montamos o acampamento, eles são realizados quase que diariamente. Muitos companheiros sofrem com problemas respiratórios”, relata Rosmeri Wilcet, que faz parte da coordenação da Escola Florestan Fernandes, do MST.

Atualmente, o acampamento conta com delegações de nove estados do Nordeste e Sudeste. No próximo final de semana, está programada a chegada de mais 300 pessoas, vindas principalmente do Sul e Centro Oeste