Sem terra ocupam fazenda no DF e pressionam por Reforma Agrária

 

 

 
Por Iris Pacheco
Da Página do MST
 
 
Na madrugada deste domingo (07/4), cerca de 350 famílias acampadas do MST no Distrito Federal ocuparam a Fazenda Jatobazinho, próximo a Brazlândia. Segundo Maria Lucimar da Silva, dirigente do MST, a “ação tem o objetivo de pressionar o GDF para acelerar o processo de Reforma Agrária e desapropriar áreas para assentar as 1000 famílias acampadas no DF”, afirma.
 
Esta é a segunda vez que o movimento ocupa a área. A fazenda faz parte do PICAG (Projeto de Integração Alexandre Gusmão), instituído a partir do Decreto n° 51.517 de 25 de junho de 1962. No entanto, o local permanece sem cumprir sua função social, que é produzir alimentos. Nesta área existem hoje 1000 hectares griladas para especulação imobiliária.
 
A morosidade do GDF em desapropriar áreas para o fim da Reforma Agrária é latente. De acordo com Lucimar, “desde o ano passado que as famílias vem sofrendo intensa repressão, com despejos e ameaças, e o governo não se mobiliza para garantir a desapropriação de terras destinadas para a Reforma Agrária”, comenta.
 
A ocupação integra a Jornada de Lutas por Reforma Agrária, que começou desde o início de março, em todo o país. O Distrito Federal também é palco de outras lutas e acampamentos do MST:
 
Fazenda Gama – O acampamento 22 de agosto, que inicialmente foi formado na fazenda Gama, apontada pelas investigações da Operação Monte Carlo como pertencente ao grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira, recebeu despejo no fim de 2012.
 
De acordo com as investigações da Operação Monte Carlo, a fazenda mede 4093 hectares e possui alto valor imobiliário. No entanto, a Terracap afirma que a área é pública, mas não quer direcionar a fazenda para a Reforma Agrária, mas sim para um projeto habitacional urbano que ainda está com pendências ambientais.
 
Após o despejo, o governo se comprometeu em desapropriar uma área onde as famílias pudessem ser assentadas, até agora nada foi viabilizado.
 
Fazenda Toca da Raposa – O acampamento 8 de março, formado em parte da Fazenda Toca da Raposa, que pertence à Companhia Imobiliária de Brasília (TERRACAP) – e é grilada pelo produtor de soja Mário Zanatta.
 
A área em que foi montada o Acampamento possui cerca de 1700 hectares e estima-se que 40% do total pertence ao Governo do DF. Porém, desde que foi ocupada há um ano, o Governo não tomou nenhuma providência para destinar a o local para fins de Reforma Agrária.
 
Além destas duas áreas emblemáticas, existe também o Acampamento Canaã, formado desde 2010, com aproximadamente 150 famílias. O local ocupado é a Reserva B, gleba 02, na DF 445. A reserva pertence ao Incra, e ainda assim o governo permanece inoperante diante do processo de desapropriação da área.
 
Para Maria Lucimar, “todos esses acampamento são exemplos nítidos da opção do governo em não realizar a Reforma Agrária e beneficiar o latifúndio, o agronegócio e a especulação imobiliária dentro do Distrito Federal”, salienta.