Saci inspira projeto de valorização do imaginário popular pernambucano


Por Thalles Gomes
Da Página do MST

No início do século 20, preocupado com a proliferação de outras culturas no Brasil, o escritor Monteiro Lobato realizou uma pesquisa por cidades mineiras e paulistas sobre uma figura até então muito pouco conhecida em nosso país: o saci-pererê. Através da edição vespertina do jornal O Estado de São Paulo, em 1917, propôs a realização de um inquérito sobre a existência do Saci. Recolheu depoimentos e várias histórias sobre um diabinho com chifres e uma perna só que aprontava mil travessuras por aquelas bandas.

Por Thalles Gomes
Da Página do MST

No início do século 20, preocupado com a proliferação de outras culturas no Brasil, o escritor Monteiro Lobato realizou uma pesquisa por cidades mineiras e paulistas sobre uma figura até então muito pouco conhecida em nosso país: o saci-pererê. Através da edição vespertina do jornal O Estado de São Paulo, em 1917, propôs a realização de um inquérito sobre a existência do Saci. Recolheu depoimentos e várias histórias sobre um diabinho com chifres e uma perna só que aprontava mil travessuras por aquelas bandas.

Descobriu também que este se parecia com um menino, apesar de fumar um cachimbo. E mais: esse menino vivia nu da cintura pra cima, usava um calçãozinho vermelho e morava dentro de um bambu. E o interessante é que cada vez que contavam uma de suas histórias, ele aparecia na imaginação das pessoas de forma diferente. Dessa maneira, com o passar dos tempos, o Saci perdeu o chifre e ganhou um gorro vermelho.

Todas estas histórias reunidas foram a base material criativa para a obra de Lobato. Ele as organizou num livro, publicado em 1918, e que depois ficou engavetado por oitenta anos tendo outra publicação somente em 2008 (“Saci-pererê – o resultado de um inquérito”, Editora Globo). Graças a sua produção literária, e sucessivas adaptações para a televisão e cinema, o Saci se tornou conhecido nacionalmente.

Este trabalho de Monteiro Lobato foi a inspiração para o projeto “Sacis: começos e fins” realizado por Rogerio Cavalcante em assentamentos e acampamentos do MST em Pernambuco. Cem anos depois, após tantas transformações econômicas e sociais, as pessoas do campo ainda contam histórias do saci-pererê? Quais outras figuras folclóricas povoam o imaginário popular?

A primeira fase do projeto foi a coleta de depoimentos, causos e histórias sobre figuras do folclore local. Foram visitados os Assentamentos de Pedro e Inácio, Jaboatãozinho, Patativa do Assaré, Oziel Nunes e o Acampamento Che Guevara, em diferentes regiões do estado. Pelos lados de Pernambuco se conhece muito pouco do Saci, a Cumadre Fulorzinha é mais presente. Mas também há muitas histórias sobre fantasmas, lobisomens e caboclos. O vídeo abaixo é produto desta fase inicial do trabalho.

Agora o projeto está executando as oficinas de artes para jovens da Escola Municipal de Agroisa, no Acampamento Agroisa, em Lagoa Grande, sertão pernambucano. O objetivo destas oficinas é uma sensibilização, uma introdução em diferentes formas artísticas, como pintura, arquitetura, cinema, música e o teatro.  A fase seguinte será a realização de oficinas de teatro, a montagem e a apresentação da peça infantil “ICAS!”.

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Esta atividade integra a ‘Bolsa Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2012’ do Ministério da Cultura, da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, do Programa Mais Cultura, do Programa Cultura Viva e da Fundação Nacional de Artes (FUNARTE). Conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Lagoa Grande e do Ponto de Cultura ‘Centro da Cultura Camponesa e da Reforma Agrária do Agreste Pernambucano’.