Indonésia: começa a 6° Conferência Internacional da Via Campesina


Da Via Campesina


Após três intensas jornadas protagonizadas pelas assembleias de mulheres e jovens, na tarde de hoje foi realizada a cerimônia de abertura para dar as boas-vindas à VI Conferência Internacional da Via Campesina.  Irma Brunetto, irmã de Egidio, declarou aberta a VI Conferência, que traz o nome de seu irmão em homenagem ao legado de luta que ele deixou como exemplo a todos os lutadores e lutadoras do mundo.


Da Via Campesina

Após três intensas jornadas protagonizadas pelas assembleias de mulheres e jovens, na tarde de hoje foi realizada a cerimônia de abertura para dar as boas-vindas à VI Conferência Internacional da Via Campesina.  Irma Brunetto, irmã de Egidio, declarou aberta a VI Conferência, que traz o nome de seu irmão em homenagem ao legado de luta que ele deixou como exemplo a todos os lutadores e lutadoras do mundo.

Cerca de 1.500 camponeses e camponesas procedentes de todo mundo se concentraram hoje, 10 de junho, para celebrar a cerimônia de abertura da VI Conferência Internacional da Via Campesina. O evento foi realizado no estádio da Vitória dos Camponeses, no complexo Padepokan Pencak Silat, em Jakarta, Indonésia.

As Conferências Internacionais da Via Campesina realizam-se a cada quatro anos, e centenas de camponesas e camponeses provenientes de todos os continentes participam delas. São a instância máxima de tomada de decisões coletivas, de debates e de construção de uma agenda comum de mobilização do maior movimento camponês do mundo. A meta é criar um modelo alternativo de desenvolvimento rural.

Em edições anteriores, as conferências tiveram como anfitriões: Mons, Bélgica (1993); Txacala, México (1996); Bangalore, Índia (2000); São Paulo, Brasil (2004); Maputo, Moçambique (2008). E agora, para a VI Conferência a cidade é Jakarta, Indonésia.

Camponeses de todo o mundo e representantes das autoridades da República de Indonésia estiveram presentes na cerimônia de abertura da Conferência. Foi um ato carregado de emoção e cores, com apresentações musicais, instrumentais, danças e cantos típicos da terra indonésia.

Henry Saragih, representante da Serikat Petani Indonésia (SPI), a organização camponesa anfitriã do macroevento, dirigiu-se aos e as camponesas com um discurso em que recordou as lutas que unem todo o campesinato do mundo, ali reunido. São elas: a luta pela Soberania Alimentar e os direitos camponeses, pela justiça agrária e o acesso a terra, contra a revolução verde, contra os mercados livres, e contra os Acordos de Livre Comércio. Saragih também não se esqueceu do povo palestino nestes momentos: “O colonialismo acabou faz meio século, no entanto, Palestina segue sofrendo-o, viva o povo palestino!”, bradou o líder entre aplausos.

A cerimônia contou, também, com apresentações típicas da cultura local, entre elas, o Pencak Silat, um tipo de arte marcial tipicamente indonésio, que tem sido representado por mulheres. O próprio local onde ocorre a conferência é um complexo esportivo onde se praticam diversas artes marciais asiáticas, a mais praticada delas é o próprio o Pencak Silat, daí vem o nome do complexo.

O Mars Petani, canto típico da Indonésia, foi interpretado por dez mulheres durante a cerimônia. Cada uma delas vestia uma cor, e entoavam a suave melodia de “Wahai Pemuda Pemudi”.

Durante a cerimônia de abertura, Itelvina Massioli, da Via Campesina Brasil, propôs o desenvolvimento de formas criativas para enfrentar as diferentes crises: a climática, a financeira, a alimentar, a política, a cultural, a ética e a de valores, que afetam toda a sociedade. “Chegou a hora das acusações”, dizia Itelvina, “a hora de acusar os estados e governos por apoiar práticas de favoritismo político a favor da malha empresarial agroalimentar”.

“Viva a Via Campesina”, bradava-se, sobretudo, em bahaya, o idioma local, e em espanhol entre o público. O ministro de agricultura da República da Indonésia, destacou, em sua fala, que a reforma agrária é uma prioridade para o Governo e expressou o seu desejo de que os sindicatos agrários contribuam nessa discussão em seus espaços. “Devemos ser auto-suficientes e diversificar nossa produção alimentar, já que temos um grande potencial”.

Por sua vez, o representante da FAO na Indonésia (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), mostrou-se contundente frente à necessidade de aumentar os investimentos na agricultura, “para erradicar a pobreza no mundo”, para conseguir construir uma sociedade mais justa.

No encerramento desse ato de abertura, foi realizado um ritual espiritual, em que camponeses e camponesas locais compartilharam uma oferenda, típica em momentos festivos, que é o arroz cozido, repartido entre os camponeses e camponesas por regiões.