Stedile à nova direção da UNE: Grandes reformas virão apenas com luta social

 

Da Portal da UNE

 

 

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Mais de 60 entidades do movimento social brasileiro e estudantes de todo o país participaram, na quinta-feira (1º), da posse das novas diretorias da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP). O ato foi marcado pela chegada de duas presidentas às entidades, Vic Barros na UNE e Carina Vitral na UEE-SP, o que demonstra a força feminina atualmente no movimento estudantil.

A posse aconteceu no auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP). A partir do grande apoio do Centro Acadêmico Visconde de Cairu, foi possível realizar o evento dentro da maior universidade do país, ocupando o espaço pela diversidade de jovens e ideias da luta estudantil e transmitindo tudo ao vivo pela internet na TV UNE.

O clima da posse foi de unidade e organização dos movimentos para enfrentar os desafios que estão colocados no período histórico por qual passa o país, após as grandes jornadas de lutas do mês de junho. Líderes como o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, pontuaram a necessidade de reformas estruturais no Brasil, entre elas a reforma política.

“Estamos vivendo momentos muito complexos da luta de classes do nosso país”, afirmou Stédile. Segundo ele, essas reformas “não virão do parlamento, apenas da luta social”. E completou: “Pode se estar abrindo um novo caminho, como o ocorreu na época da construção da constituinte. Nós temos que estar sempre juntos, disputando espaço com a direita nas ruas”.

O ex-presidente da UNE e representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Aldo Arantes, defendeu o projeto de iniciativa popular pela reforma política recém lançado pela entidade em conjunto com outras organizações, o projeto Eleições Limpas. Para ele, não é suficiente ir para a rua sem uma bandeira política definida. “A sociedade tem que unificar um ponto de vista. A reforma é tão importante e decisiva que não pode ser de um partido, mas a proposta de todo o povo brasileiro”, destacou.

Para a nova presidenta da UNE, as manifestações de junho escancaram os limites da política institucional. “O Brasil pode estar no limiar de uma nova fase de aprofundamento e ampliação da democracia, de elevação dos níveis de participação popular na vida política e na governança do País”, afirmou Vic Barros.

No entanto, ela questionou a solidez do sistema político nesse cenário, com a perpetuação do poder econômico para decidir eleições, gerar desigualdades e exclusões. “O fim do financiamento privado de empresas, nas campanhas políticas, contribuiria para inverter essa lógica e localizar o debate em torno de ideias e não campanhas publicitárias milionárias. Com a lista partidária e a liberdade da internet podemos nos aproximar de mandatos comprometidos com os interesses populares”, defendeu.

Uma mesa composta por uma maioria de mulheres empossou as representantes e os representantes das entidades estudantis pelos próximos dois anos. A ascensão feminina reverberou em todos os discursos.

A presidenta eleita da UNE destacou que uma das tônicas dessa gestão será o combate ao machismo, “para que no futuro as pessoas não achem mais incomum uma mulher ser presidenta da UNE”, justificou. Vic disse que espera daqui um tempo ver uma participação menos tímida das mulheres nos espaços de poder. “Me sinto muito responsável e tenho muito orgulho por ser mulher, presidenta da UNE e feminista”, pontuou. A presidenta da UEE-SP, Carina Vitral, destacou: “Hoje, temos seis mulheres à frente de Uniões Estaduais dos Estudantes em todo o Brasil”.

A deputada estadual Leci Brandão e Nalú Faria, da Marcha Mundial das Mulheres, fizeram questão de comparecer à posse e aproveitaram o tema para pedir a aprovação do Projeto de Lei 03/2013, que obriga o SUS a prestar atendimento emergencial e multidisciplinar para mulheres vítimas de violência sexual.

Outra presença importante e de destaque na posse dos novos diretores da UNE e da UEE-SP, foi a da presidenta da Assembleia Nacional do Equador, Gabriela Rivadeneira. Mulher, jovem -tem apenas 30 anos- ela e é a primeira universitária a presidir o que, em comparação com o Brasil, seria a Câmara dos Deputados.

Rivadeneira contou um pouco da experiência sobre as ações educacionais do presidente do Equador Rafael Correa e destacou também a preocupação com a equidade de gênero e com o empoderamento da juventude equatoriana. “Os estudantes da América Latina estão unidos para mudar a política. A luta contra o imperialismo é uma luta mundial”, afirmou.

Participaram ainda do ato os deputados Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), Ivan Valente (PSOL-SP) e Alcides Amazonas (PCdoB-SP). Entre as dezenas de entidades representadas também estiveram a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central do Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros (CTB), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e entidades estudantis como a ANPG, UBES, UPES, UMES-SP e várias UEEs do Brasil.