A luta dos trabalhadores sob as lentes dos fotógrafos dos movimentos

 
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

 
Os fotógrafos dos movimentos sociais Joka Madruga, Leandro Taques e Paulo Porto realizam na 12ª Jornada de Agroecologia uma exposição com ensaios sobre a violação de direitos humanos e a resistência de diversos povos no mundo. Os três escolheram, dentre as imagens que expuseram, a foto que mais os sensibilizava, e contaram a história por trás delas. 
 
Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

 
Os fotógrafos dos movimentos sociais Joka Madruga, Leandro Taques e Paulo Porto realizam na 12ª Jornada de Agroecologia uma exposição com ensaios sobre a violação de direitos humanos e a resistência de diversos povos no mundo. Os três escolheram, dentre as imagens que expuseram, a foto que mais os sensibilizava, e contaram a história por trás delas. 
 
Leandro expôs fotos da Palestina, que visitou na segunda missão de solidariedade ao país.  
 
 
“Essa foto foi feita no Muro da Vergonha, que o governo de Israel constrói para isolar o povo da Palestina. Quando chegamos ao muro, saí do ônibus e fui fotografar. Algumas crianças brincavam por ali, e quando fui fotografar este garoto, ele pediu para esperar ele cobrir o rosto. Quando perguntei o porquê, ele disse: ‘Para que o exército israelense não me reconheça na foto, porque se reconhecer, eu posso ser preso.’ Esse garoto tem 12 anos de idade. Essa é a política israelense com o povo palestino, é um apartheid”. 
 
As fotos de Joka são de uma missão na Guatemala, que retrata as atrocidades que acontecem com os trabalhadores do país.
 

“Nessa foto, dá para ver a falta de condições de trabalho na fazenda: as pessoas trabalham sem luva, sem máscaras e estão expostas a doenças e acidentes de trabalho. As fazendas são todas protegidas por seguranças armados de escopetas calibre 12, que não deixam ninguém estranho entrar, mas não deixam os trabalhadores sair. O nível de descaso com os trabalhadores é muito forte na Guatemala, e explicar isso para o mundo foi nossa intenção”.
 

A exposição de Paulo retrata a luta do povo Guarani contra o agronegócio nas terras indígenas.
 

“Essa foto não é a que eu acho mais bonita ou tecnincamente melhor, mas é que a mais me incomoda. Ela mostra a linha divisória dos campos de soja dos colonos e da aldeia. Essa aldeia é pequena, são 20 km de uma faixa estreita de 250 metros. Os Guarani olham para os campos da soja, porque a estrada se move. Todo ano os fazendeiros plantam a soja mais perto da aldeia engolindo a estrada. Ela já encolheu aproximadamente um metro e meio nesses anos. Os Guarani brincam que a única estrada que se move no mundo é a que separa a aldeia da soja”.  
 

Função da fotografia
 
Os três fotógrafos acreditam que a fotografia é um meio de denúncia social poderoso. 
“A fotografia, além de uma forma de registro, cria uma linguagem que se comunica com pessoas que você não alcançaria com textos, por exemplo. Optei me aprofundar na fotografia para permitir que a luta dos guaranis venha à tona, e sempre torço para que elas possam trazer mais aliados a causa, que não é só dos indígenas, mas de todo mundo que acredita em um mundo mais justo, onde a cultura e a pluralidade sejam valiosas”, opina Paulo.
 
Para Leandro, “a fotografia tem uma força por ser sempre um recorte. Faço a foto e aquele momento não volta mais, ele fica registrado. A Precisamos potencializar o sentido da fotografia, seja como denúncia, seja como arte. É pensar no que a fotografia significa, e entender o que ela desperta no observador. É o que tento fazer no meu trabalho”, afirma Leandro.
 
“A fotografia é um elemento muito forte na denúncia da opressão e da repressão, mas também no anúncio das boas novas. E no mundo digital que vivemos hoje, a fotografia é muito presente. Com as redes sociais, a fotografia é muito importante, e como somos militantes temos de usar estes meios para apresentar a forma como vemos o mundo. A fotografia tem muito poder para dizer mostrar uma realidade diferente, fazendo um contraponto com o que a grande mídia diz. Uma foto pode sensibilizar, denunciar e anunciar coisas boas”, diz Joka.
 
Conheça melhor o trabalho de Joka Madruga, Leandro Taques e Paulo Porto
 
Fotos: Júlio Carignano e Wellington Lenon