Abertura da Feira da Reforma Agrária recebe 50 motoniveladoras no Pontal
Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST
Centenas de assentados e assentadas da Reforma Agrária participaram do ato oficial de abertura da 1 Feira da Reforma Agrária no município de Euclides da Cunha, na região do Pontal do Paranapanema (SP).
Por Luiz Felipe Albuquerque
Da Página do MST
Centenas de assentados e assentadas da Reforma Agrária participaram do ato oficial de abertura da 1 Feira da Reforma Agrária no município de Euclides da Cunha, na região do Pontal do Paranapanema (SP).
No ato, foram entregues 50 máquinas motoniveladoras pelo ministro Pepe Vargas, do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), a 50 prefeituras do estado, para que sejam utilizadas na construção e recuperação de estradas vicinais das áreas rurais.
Desenvolvimento Agrário (MDA), a 50 prefeituras do estado, para que sejam utilizadas na construção e recuperação de estradas vicinais das áreas rurais.
“A entrega dessas máquinas faz parte de uma conquista dos Sem Terra que sempre realizam luta para melhorar as condições das estradas dos assentamentos e, com isso, facilitar o escoamento da produção e melhorar a mobilidade dos que vivem nessas áreas”, disse Cledson Mendes, da direção estadual do MST.
Além dessas máquinas, estão previstas a entrega de mais 50 retroescavadeiras e um caminhão caçamba às mesmas finalidades.
A feira
Mandioca, milho, leite e seus derivados. Animais de pequeno porte como bode, carneiro e cabrito. Artesanatos e produtos medicinais feitos nos assentamentos. Esses são apenas alguns dos produtos que serão comercializados e apresentados na Feira da Reforma Agrária até o próximo domingo (15).
Para João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST e quem preside a feira, esse “é um momento de celebração e de valorização das conquistas do povo Sem Terra dos assentados da Reforma Agrária”.
Os assentados da região do Pontal do Paranapanema são responsáveis pela produção de 300 mil litros de leite por dia. Há mais de 1,6 milhões de cabeças de gado. O município de Euclides da Cunha, por exemplo, representa por 8% da produção de mandioca, tendo mais de 2 mil hectares plantados desse cultivo.
“Essa é uma oportunidade de criar um espaço onde os assentados possam expor seus produtos agroecológicos produzidos nos assentamentos, e poder dialogar com o público da cidade ao mostrar que é possível produzir alimentos sadio sem agrotóxicos”, disse Cledson Mendes.
Reforma Agrária
Praticamente 1/3 da população assentada no estado de São Paulo está na região do Pontal do Paranapanema. São mais de 6 mil famílias assentadas que representam cerca de 40% do orçamento da região.
Somado a entrega das máquinas a esse contexto, Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST suscitou um debate sobre a amplitude da temática Reforma Agrária.
“Precisamos discutir que tipo de uso queremos dar ao solo, a água e aos bens naturais. Que tipo de comida a sociedade vai querer comer. Se é essa comida cheia de veneno e de agrotóxico, de fato a Reforma Agrária não é preciso. Agora, se quisermos comer alimento saudável, que respeite o meio ambiente, e acima de tudo o ser humano, então a Reforma Agrária é a coisa mais moderna a ser feita”, acredita.
Entretanto, essa concepção não significa uma volta ao passado, segundo Gilmar. “Queremos modernidade, tecnologia que nos ajude a superar o problema da produtividade, mas principalmente o problema da fome e da miséria no nosso país e no mundo. Por isso, é fundamental assistência técnica, pesquisas para aumentar a produtiva e diminuir a penosidade do trabalho agrícola”, destacou.
Diante da presença do ministro do MDA, o Sem Terra ainda aproveitou para cobrar as diversas áreas que podem ser desapropriadas no Pontal e avançar na Reforma Agrária.
“Para fazer Reforma Agrária é preciso ter estrada, condição técnica, pesquisa, crédito, etc. Mas se não tiver desapropriação não há Reforma Agrária. Por isso dizemos sempre que enquanto tiver uma família sem terra nesse país, nosso Movimento estará lutando, enquanto tiver um latifúndio improdutivo, lá estaremos colocando nossa bandeira para que um dia esse país não tenha mais sem terra nem latifúndios, e que a terra de fato possa cumprir com sua função social”.
Sob esse contexto, Gilmar destacou, portanto, que a Reforma Agrária não é apenas dos que lutam por ela, “mas de todos os que querem um país diferente”.