MST ocupa Incra de Marabá em protesto contra morosidade do órgão


Por Márcio Zonta
Da Página do MST

Por Márcio Zonta
Da Página do MST

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Marabá, no sul do Pará, foi ocupado por cerca de 500 famílias do MST na  terça-feira (05/11).
 
As famílias protestam contra a morosidade do órgão perante as áreas irregulares pendentes para desapropriação. Ao todo são cinco fazendas que respondem as especificações legislativas para fins de Reforma Agrária, porém sem intervenção dos instrumentos públicos responsáveis.
 
As áreas reivindicadas pelos Sem Terra são a Fazenda Caumé, em Tucumã, ao oeste do Pará, que foi confiscada pela Polícia Federal por servir para plantação de drogas, cujo dono é o traficante Leonardo Mendonça. A área foi destinada a leilão e arrematada por um fazendeiro de Goiânia.
 
“Pedimos que o Incra interceda nesse caso e retome essa área para as famílias que já estão acampadas e trabalhando lá”, defende o coordenador regional do MST no Pará, Toninho.
 
A Fazenda Rio Vermelho, no município de Sapucaia, localizada no sul paraense, está desde 2006 ocupada pelo acampamento João Canuto, com 150 famílias. Há mais de um ano o Incra negociou uma permuta com os acampados que os levaria para outra parte da fazenda. Porém, até o momento a entidade nunca concluiu a vistoria da área oferecida.
 
Outra disputa enfrentada pelas famílias Sem Terra é com o Grupo Santa Bárbara, do banqueiro Daniel Dantas. O Incra tem criado vários empecilhos desde 2011, quando as negociações se iniciaram para desapropriação das fazendas Maria Bonita e Cedro.
 
Ambas as fazendas foram ocupadas pelo MST em Eldorado dos Carajás (PA) em 2008, estabelecendo os acampamentos Dalcídio Jurandir e Helenira Rezende, respectivamente, com mais de 400 famílias. 
 
“Segundo levantamento cartorial feito pelo Incra e Terra Legal, se tratam de áreas irregulares, portanto aptas para Reforma Agrária, o que beneficiaria muitos trabalhadores que já vivem da subsistência e do comércio dos produtos frutos dessas terras”, salienta Toninho.
 
A Fazenda Peruana, também em Eldorado dos Carajás, onde mais de 350 famílias vivem desde 2004, sofre com a morosidade do Incra. A área foi grilada pela antiga família oligárquica de Marabá, os Mutran, conhecidos pela truculência contra trabalhadores rurais e os vários casos de trabalho escravo em suas terras no Pará.
 
Por fim, a mais emblemática é a Fazenda Fazendinha, em Curionópolis (PA) onde se encontra o acampamento Frei Henri, que nos últimos anos foi vítima de ataques de pistoleiros armados. O Incra e o Terra Legal já deram parecer para desapropriar a área, mas o juiz da vara agrária de Marabá demora em dar o veredito da decisão.
 
“Não vamos sair do Incra enquanto o superintendente não nos der uma resposta satisfatória para toda essa problemática emperrada pela inoperância do estado”, conclui Toninho.
 
O Superintendente regional do Incra de Marabá, Euderio de Macedo Coelho, não quis se pronunciar sobre a ocupação.