Legado de Egídio Brunetto é lembrado em seminário no MS



Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST


Neste domingo (01/12) foi realizado no Mato Grosso do Sul o Seminário Egídio Brunetto. O objetivo do evento foi honrar a memória do militante histórico do MST, falecido em 28 de novembro de 2011 num acidente de carro.


Por José Coutinho Júnior
Da Página do MST

Neste domingo (01/12) foi realizado no Mato Grosso do Sul o Seminário Egídio Brunetto. O objetivo do evento foi honrar a memória do militante histórico do MST, falecido em 28 de novembro de 2011 num acidente de carro.

Egídio foi uma das principais figuras que contribuiu na criação da Via Campesina Internacional. Viajou pelo mundo sem saber seus idiomas, e sempre carregava consigo sementes ou medicinas naturais para compartilhar. Apesar de ter partido, seu exemplo de humildade e solidariedade inspira diversos lutadores e lutadoras do campo.

“Ele foi o companheiro mais maravilhoso que alguém pode ter. Sou muito feliz de ter sido a pessoa que conviveu com seus beijos, abraços, carícias. Ele foi companheiro, amante, namorado. Me encheu de pequenos símbolos que hoje me agarro para diminuir a dor da saudade que ficou em meu peito”, diz Atiliana Brunetto, esposa de Egídio.

Estavam presentes aproximadamente 100 pessoas. João Pedro Stédille, da coordenação nacional do MST fez um breve relato sobre a atual conjuntura política e agrária, e expôs a contribuição de humanismo e solidariedade internacionalista de Egídio Brunetto. A família de Egídio também fez relatos emocionantes sobre sua tragetória de vida.

O evento, além de político, foi uma forma de confraternizar amigos e família, contando com a presença de acadêmicos, movimentos estudantis e a classe política da região, demonstrando apoio e solidariedade e enaltecendo a figura histórica de Egídio Brunetto.

Abaixo, leia a carta de despedida do Poeta e militante do MST, Ademar Bogo, escrita quando Egídio faleceu:

DESPEDIDA

(Egídio em grego, é “aquele que protege”)

A Terra hoje se alegra por receber de volta quem a cuidou e protegeu
Como um fruto que amadureceu no galho
Traz a doçura e as sementes para entregar à mãe, aquilo que é seu.
Mas, se ganha a Terra em doçura e qualidade
A humanidade perdem, em ternura e simplicidade.
Perdem os camponeses do mundo
Um criador de gestos tão profundos
Que se guiaram pela solidariedade.
Perdem os movimentos um pouco da paixão;
Perdem os militantes um dedicado irmão
E a classe toda um exemplo de humildade.

Mas não se perde tudo ao morrer
Ganha-se a herança das belas coisas feitas.
O que até aqui pertence somente ao construtor
Agora é de todos em forma de valor.

Ficam lições a serem apreendidas
Ficam memórias a serem recordadas
Ficam virtudes a serem imitadas.

Fica a honra de tê-lo tido como companheiro
Um destacado e pioneiro
Nas relações internacionais.
Viajou o mundo sem saber os idiomas
Levou mensagens trouxe ensinamentos
Trocou sementes, ânimo e alimentos
Mantendo sempre as relações cordiais.

Se os movimentos camponeses têm hoje unidade
Se deve a esta postura de humildade
Que sempre esteve em pauta, mesmo sem discussão.
Deve-se a ti, a herança afetiva
A teimosia e a insistência combativa
De sempre amar e honrar em qualquer parte do mundo
A luta, a liberdade e a revolução.

A história segue; seguimos o cultivo
Você, de algum modo continuará vivo
E acompanhando as gerações de lutadores.
Quando o futuro chegar em meio as flores
E as crianças sorrirem livremente
Saberemos, que através da prática dos valores
Você jamais deixou de estar presente.

Ademar Bogo