Sem Terra mantêm Incra ocupado em TO e pedem reunião com superintendente

Da Página do MST

Mais de 160 famílias do MST ocupam a unidade avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Araguatins, no Tocantins.

Os Sem Terra ocupam o órgão federal desde a última terça-feira (3), e aguardam há meses que o instituto vistorie três fazendas na região para serem destinadas à Reforma Agrária.

As famílias fazem parte do Acampamento Carlos Mariguella e de assentamentos da região do Bico do Papagaio.

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Em abril deste ano, o órgão já tinha prometido que faria tais vistorias, mas até agora nada aconteceu.

De acordo com a nota divulgada pelas famílias, o Incra assumiu publicamente sua inoperância frente à sociedade e a milhares de famílias tocantinenses que aguardam por serem assentados.

“O Incra alega falta de recursos para vistoria da Fazenda Madureira. Porém, o recurso estava na conta do instituto, mas foi recolhido por entenderem que a vistoria da área não era prioridade”, afirmou o texto.

As famílias ainda reclamam, na nota, o fato do órgão tentar transferir para o MST a responsabilidade por ter deixado de vistoriar as Fazendas Santa Helena e Santa Rosa, alegando que o Movimento não cumpriu os requisitos de pré-qualificação dos imóveis.

“Essa solicitação é uma previa vistoria. O MST não tem autoridade para adentrar em imóveis improdutivos guardados por pistoleiros. Essa tarefa é do Incra, que tem autoridade judicial para tal, tendo em vista que em outros momentos o próprio instituto já realizou”, diz o texto.

Segundo Raimundo Nonato Silva Oliveira, da coordenação estadual do MST, a ocupação da sede do Incra irá continuar até o superintendente regional, Ruberval Gomes da Silva, recebê-los em reunião e se comprometer a providenciar a vistoria das duas fazendas para assentamento. “Viemos determinados a resistir, não podemos permanecer na situação que estamos às margens de uma rodovia”, disse.

Veja a íntegra da nota:

Nota do MST – Ocupação do Incra em Araguatins

Foi com muita preocupação que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) recebeu a manifestação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sobre a ocupação da unidade do órgão no município de Araguatins. Em nota publicada pelo Instituto, o órgão assume publicamente sua inoperância frente à sociedade e a milhares de famílias tocantinenses que aguardam por serem assentados.

A sede do Incra em Araguatins foi ocupada nesta terça-feira, 3, pelas famílias do Acampamento Carlos Marighella, localizado a 15 km do município, que aguardam há sete meses que o Instituto cumpra seu compromisso de vistoriar três fazendas da região para que possa efetivar o assentamento dos acampados.

O Incra alega falta de recursos para vistoria da Fazenda Madureira. Porém, o recurso estava na conta do Instituto, mas foi recolhido por entenderem que a vistoria da área não era prioridade.

O órgão também tenta transferir para o MST a responsabilidade por ter deixado de vistoriar as Fazendas Santa Helena e Santa Rosa, alegando que o Movimento dos Sem-Terra não cumpriu os requisitos de pré-qualificação dos imóveis. Essa solicitação é uma previa vistoria, portanto, deve ser recolhida às coordenadas da área por GPS e feita uma pré analise do imóvel. O MST não tem autoridade para adentrar em imóveis improdutivos guardados por pistoleiros. Essa tarefa é do Incra, que tem autoridade judicial para tal, tendo em vista que em outros momentos o próprio Instituto já realizou. 

Informamos que vamos resistir, nossa pauta de reivindicações não envolve os recursos que o Incra alega. Só queremos a presença do superintendente para que renove seu compromisso publicamente com os sem-terra. Estamos massificando a ocupação, repudiamos a intolerância dessa instituição e não nos amedrontaremos com ameaça de reintegração de posse.