Primeira Turma de Jornalismo da Terra se forma na Federal do Ceará

Por Maria Aparecida*
Da Página do MST**

Desde novembro de 2009, militantes do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que compõem a Via Campesina, realizam o primeiro Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC).

Voltado para filhos e filhas de assentados da Reforma Agrária, o curso é composto por 44 estudantes vindos de diversos estados brasileiros.

Depois de quatro anos de curso, que resultou em três semanas de apresentações das muitas reflexões e trabalhos jornalísticos – durante a defesa dos trabalhos de conclusão de curso -, os educandos e educandas participam da colação de grau no próximo dia 20 de dezembro, no Salão Oval, com início às 16 horas. Após a cerimônia, os formandos seguirão para a festa de encerramento.

A graduação teve como principal objetivo formar comunicadores populares para contribuírem na organização do Setor de Comunicação dos movimentos sociais. Com o aprendizado destes quatro anos de curso, os militantes desenvolveram técnicas que irão fortalecer a proposta de comunicação dos movimentos sociais.

Para Wesley Lima, educando do curso e do setor de comunicação do MST na Bahia, “o curso é importante para formar comunicadores populares que fortalecerão os veículos de comunicação existentes nos diversos estados, utilizando-os a favor da luta popular”.

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“O Curso de Jornalismo da Terra é uma criação única, original, e como todo trabalho original que abre novos espaços traz uma série de questões difíceis, e o tempo todo enfrentamos problemas operacionais e burocráticos para darmos continuidade a ele. Então, ver neste momento a turma se formando é talvez um dos momentos mais importantes da minha carreira profissional, ver os trabalhos finais e ver o quanto os alunos evoluíram e estão aptos a tocar qualquer veículo de comunicação”, afirma a coordenadora do curso de Jornalismo da Terra da UFC, Márcia Vidal.

Durante este período, a turma formulou um grito que ecoa em todas as atividades: “A mídia que aliena aumenta a repressão, estamos aqui por outra comunicação”. Após algumas etapas de estudos, a turma foi nomeada como “Luis Gama”, escravo que se tornou jornalista em 1960, após sofrer diversos tipos de discriminação e opressão.

“Fazer o curso de jornalismo nos possibilitou a apropriação de técnicas relacionas aos veículos de comunicação que iremos utilizar dentro das nossas organizações. Os conteúdos acadêmicos que aprendemos, somados à prática militante, nos darão um potencial enorme para a continuidade das práticas jornalísticas da classe trabalhadora”, relata a militante do MAB em Minas Gerais e integrante do curso, Nelsina Gomes.

*Maria Aparecida é educanda da Turma Luís Gama
**Com informações do MAB