Mais de 300 pessoas participam de curso pela Reforma Política na Bahia

Por Jamile Araújo e Naiara Aguilera
Do Comitê Estadual do Plebiscito Bahia

A Bahia foi palco do 1° Curso Estadual de Formação de Formadores do Plebiscito Popular, no recém-nomeado Colégio Estadual Stiep Carlos Marighella (antigo Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici).

O curso, que aconteceu entre os dias 22 e 23 de fevereiro, contou com cerca de 300 ativistas e militantes de diversas regiões do estado e mais de 60 organizações entre entidades, sindicatos e movimentos sociais já envolvidos na campanha.

O debate girou em torno do Sistema Político brasileiro e o porquê da convocação de uma Assembléia Constituinte Exclusiva e Soberana que modifique o atual sistema político em nosso país.

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Contando com a presença do especialista no assunto, José Antônio Moroni, do Instituto de Estudos Socioeconomicos (INESC), a mesa foi composta também pelo secretário estadual do PT na Bahia, Weldes Queiroz e por Thays Carvalho, do Levante Popular da Juventude.

Sistema Político

Moroni frisou que o poder econômico domina os processos eleitorais no Brasil, e que é preciso realizar o debate na sociedade sobre a necessidade de retirar as grandes empresas transnacionais e os bancos das eleições. “Sabemos que quem ‘paga a banda, pede a música’”, comentou.

Segundo Moroni, ao financiar inúmeros candidatos e se beneficiar com essa lógica, a elite brasileira segue dominando o cenário político, deixando o povo indígena, negro, as mulheres, a juventude e a Comunidade LGBT à margem da política.

Além disso, ressalta o especialista, o poder econômico não age somente nas eleições, determina toda a vida do país, como por exemplo, as concessões dadas ao setor privado dos meios de comunicação e do transporte público.

Exclusiva e Soberana

O curso seguiu com o tema da Constituinte Exclusiva e Soberana e teve a presença da dirigente do PT em São Paulo, Misa Boito e Mário Neto, da Direção Nacional da Consulta Popular.

Misa destacou que o voto em lista e o financiamento público de campanha são algumas das questões centrais para a construção unitária do Plebiscito nacionalmente e pelo quais os partidos de esquerda devem se debruçar.

Para Mário Neto, a questão fundamental é o debate do poder, sendo necessário uma amplas unidade entre as forças populares em torno de uma bandeira política, construindo um amplo processo de formação, organização e lutas.

Com isso, seria possível “acumular forças contra os setores conservadores e reacionários do nosso país, que inviabilizam as reformas estruturais, como a Reforma Agrária Popular, reforma urbana, da educação, da saúde, a reforma tributária etc”, acredita Neto.

Desafios organizativos

 
Os grupos também debateram os desafios organizativos para a construção do Plebiscito na Bahia e a questão das sub-representações, com movimentos e organizações de juventude, dos indigenistas, negras e negros, mulheres e LGBTTs.

Maíra Guedes, da Marcha Mundial das Mulheres, diz que a sub-representação das mulheres é a porta de entrada para o debate sobre o Sistema Político.

Segundo ela, “a discrepância é visível, mas não podemos reduzir o sistema político ao legislativo. O Congresso é expressão da correlação de forças. Se queremos mais mulheres no congresso, precisamos construir a força social do feminismo popular”.

Para Luciano Marques da União Jovem Socialista (UJS), “se hoje temos condições de pautar esse tipo de proposta, isso se deve à pressão popular da juventude que esteve nas ruas em 2013, aliado a um governo mais progressista, com inúmeras contradições, muitas delas em virtude da atual configuração do sistema político”.