Amigos do MST na França plantam solidariedade e politizam a terra




Por José Coutinho Júnior*
Da Página do MST

O comitê dos amigos do MST na Fraça realiza diversas ações em apoio ao Movimento. A principal delas é a plantação e comercialização de verbena, utilizada para fazer chá no país. 

O comitê também pauta questões como a soberania alimentar na França. A organização foi formado em 2002, como consequência da ida de Giovani Braun, um membro do MST do Paraná, a Lyon em 2002.

Por José Coutinho Júnior*
Da Página do MST

O comitê dos amigos do MST na Fraça realiza diversas ações em apoio ao Movimento. A principal delas é a plantação e comercialização de verbena, utilizada para fazer chá no país. 

O comitê também pauta questões como a soberania alimentar na França. A organização foi formado em 2002, como consequência da ida de Giovani Braun, um membro do MST do Paraná, a Lyon em 2002.

Naquela época, a ONG Frères des Hommes, que já traduzia comunicados do MST para o francês, financiou a viagem do Giovani para um debate.

Dominique Viannay, membro do sindicato Confederação Camponesa, disse aos membros da plateia que, se quisessem ajudar de forma concreta o MST, ele se dispunha a doar uma parcela de seu campo de verbena para ajudar o acampamento de Querência do Norte.

A condição era que ele não estivesse sozinho, que um grupo de voluntários se formasse para ajudá-lo a plantar, colher, ensacar e vender a planta para fazer chá. “Foi assim que nasceu o nosso coletivo de voluntários e, rapidamente, nos envolvemos em outras ações também. Por exemplo, organizamos exposições de fotos do Sebastião Salgado da série ‘Terra'”, afirma Solen Prieur, integrante do comitê.

Daí surgiu o projeto “Verbena Solidária”. Todo ano, membros do comitê plantam em maio 150 a 200 pés de verbena, que são colhidos em outubro. Os militantes se encontram toda primeira terça-feira do mês no De l’Autre Côté Du Pont, um bar parceiro à causa agroecológica, para preparar os saquinhos de verbena, que são vendidos a 3 euros cada.

“É importante fazer isso num lugar público para provocar a curiosidade dos clientes. Também temos uma parceria com um jardim de inserção (associação que ajuda carentes a se reinserir no mundo do trabalho), onde produzimos legumes biológicos e participando da preparação dos saquinhos”, diz Solen.

A verbena é vendida no circuito alternativo de Lyon e sua periferia. O produto da venda é  de 1500 euros anuais, e permite financiar projetos como a compra de sementes, vacas, instrumentos de música para a escola dos Sem Terrinha, entre outros.

Organização

O comitê é formado por meia-dúzia de militantes ativos, contando com muitos outros voluntários que ajudam pontualmente nas ações, que são feitas em parceria com outras organizações.

Entre as ações realizadas, além da produção de verbena, está o festival de dança “Solatino”, que doou os lucros (7000 euros) para projetos do MST; o festival de cinema Ibérico e Latino-americano de Villeurbanne, que serviu para debater com a sociedade  Reforma Agrária no Brasil.

“Os objetivos da associação são de informar os franceses sobre a situação no campo no Brasil e de mostrar as relações com problemáticas de interesse francês, ligadas à agricultura, alimentação, meio ambiente, os impactos do neoliberalismo. Para isso, organizamos exposições, concertos, projeções, conferências e debates”, afirma Solen.

O comitê também apoia o MST acolhendo seus membros, organizando parcerias, arrecadando fundos e mantendo diálogos constantes com assentamentos e acampamentos no Paraná, em Pernambuco e na Bahia.

Solidariedade internacional

As ações do comitê levaram o governo da região de Rhône-Alpes a criar uma parceria com o governo do estado do Paraná para ajudar a financiar as jornadas de agroecologia, que ocorrem todo ano no estado.

Além disso, o comitê pauta as questões do campo à sociedade francesa. “Nossa avaliação é que os franceses se interessam aos assuntos ligados às problemáticas do mundo rural, principalmente por causa do produtivismo ter levantado preocupações sobre alimentação sadia, como é o caso dos transgênicos”, acredita Solen.

Em relação à importância da solidariedade internacional na luta, Solen afirma que “Os movimentos sociais franceses sabem que a mera luta local não é suficiente e que precisam particiapar de redes internacionais. Nesse sentido, estamos pensando em formas de como amplar seus contatos com outras organizações e movimentos sociais”.

*Com informações do comitê de amigos do MST na França