Comissões declaram apoio à ocupação da Fazenda Santa Mônica, em Goiás



Da Página do MST


Em carta, a Comissão Pastoral da Terra Goiás (CPT) e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz da Brasil declaram apoio às famílias acampadas da Fazenda Santa Mônica, nos municípios de Corumbá de Goiás, Alexânia e Abadiânia (GO).

Da Página do MST

Em carta, a Comissão Pastoral da Terra Goiás (CPT) e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz da Brasil declaram apoio às famílias acampadas da Fazenda Santa Mônica, nos municípios de Corumbá de Goiás, Alexânia e Abadiânia (GO).

Em visita a área, de propriedade do senador e candidato a governador do estado do Ceará, Eunício de Oliveira (PMDB-CE), as comissões observaram que “na manhã do domingo do dia 7 de setembro, enquanto nas principais cidades do país, as Forças Armadas desfilavam, uma acampada já começava a fazer canteiros para o semeio de hortaliças sobre os resíduos da monocultura da soja, regada ao veneno, demonstrando e reafirmando que a produção diversificada de alimentos saudáveis quem faz é o/a camponês/a, em uma relação umbilical com a terra tendo-a como um espaço de vida, não de especulação, usurpação e destruição”.

Abaixo, confira a carta de apoio.
 

 

Carta de apoio à ocupação da Fazenda Santa Mônica

 

“Mas, apesar de tudo isso, latifúndio é feito inço que precisa acabar” (Pedro Munhoz)

No acender das luzes do palco para as comemorações da Semana da Pátria, o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – apresentou ao público um espetáculo: Fazenda Santa Mônica. Um latifúndio de 21 mil hectares em pleno planalto central, localizado nos municípios de Corumbá de Goiás, Alexânia e Abadiânia, bem próximo à Brasília. Um paraíso. Portanto, obscuro.

O MST ocupou o latifúndio na madrugada de 1º de setembro com cerca de três mil famílias. De propriedade do senador cearense Eunício de Oliveira, do PMDB, e candidato ao Governo naquele Estado, ela foi declarada ao TSE no valor de R$ 386.720,00. É apenas uma, das mais de oitenta que tem somente no Estado de Goiás. 

Uma semana após a ocupação, a bandeira do MST, hasteada ao lado da do Brasil – ambas na ponta de altas varas de madeira – indicava que Pátria de fato temos e queremos. Tão próximo delas, dezenas de famílias em filas estavam se cadastrando no acampamento, vindas de outros lugares da região. Ao lado, uma mesa coletava votos do Plebiscito Popular “Por uma Constituinte exclusiva e soberana do Sistema Político”. 

Outros indicativos foram os direitos negados de ir e vir, chegar ao acampamento ou sair dele, por ação das forças de segurança do Estado, além de pessoas que não puderam ser atendidas na rede pública municipal de saúde do Município, também por decisões suspeitas do Poder Público.

O MST, que se reuniu em Brasília no começo do ano em seu VI Congresso e, na ocasião, finalmente conseguiu ser recebido pelo atual Governo, mais uma vez mostra a este que se quiser fazer Reforma Agrária – uma luta de todos e todas – para um bom exemplo nem é preciso ir tão longe, basta se desatrelar, abrir a janela do Palácio, o latifúndio está do lado e é de propriedade de quem deveria fazê-la.

Em visita ao acampamento fomos testemunhas do que os sem terra precisam. Na manhã do domingo do dia 7 de setembro, enquanto nas principais cidades do país, as Forças Armadas desfilavam, uma acampada já começava a fazer canteiros para o semeio de hortaliças sobre os resíduos da monocultura da soja, regada ao veneno, demonstrando e reafirmando que a produção diversificada de alimentos saudáveis quem faz é o/a camponês/a, em uma relação umbilical com a terra tendo-a como um espaço de vida, não de especulação, usurpação e destruição.

A sociedade precisa apoiar essas ações de luta, no campo e na cidade, e questionar estas relações políticas e econômicas da classe dominante. Ter terra é um direito e, como dizia Dom Tomás: “Direito não se pede de joelhos, exige se de pé.” Vamos de pé, à luta, por nossos direitos.

Comissão Pastoral da Terra Goiás

Comissão Dominicana de Justiça e Paz da Brasil 

Goiânia, 11 de setembro de 2014.