Seminário nacional debate as diversas dimensões da educação


Da Página do MST


Com o lema “Forjar Lutadores e Construtores do Futuro é tarefa da Classe Trabalhadora”, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Foz do Iguaçu, foi palco do “Seminário Nacional Experimento Pedagógico das Escolas Itinerantes: Organização Curricular Por Complexos de Estudo”.


Da Página do MST

Com o lema “Forjar Lutadores e Construtores do Futuro é tarefa da Classe Trabalhadora”, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Foz do Iguaçu, foi palco do “Seminário Nacional Experimento Pedagógico das Escolas Itinerantes: Organização Curricular Por Complexos de Estudo”.

O seminário aconteceu entre os dias 25 e 27 de setembro, e contou com a participaram de 150 educadores e educadoras de várias regiões do Brasil (RS, SC, PR, SP, RJ, ES, CE), que atuam em escolas de assentamentos e acampamentos em todo país.

Organizado pelo setor de educação do Movimento em parceira com a Unioeste, o seminário trouxe a prática pedagógica em construção nas escolas itinerantes no Paraná, desenvolvida a partir dos princípios da educação do MST, que incorpora elementos pedagógicos socialistas e alimenta a construção de uma nova forma escolar, ao dar centralidade à atualidade, ao trabalho e a auto-organização dos estudantes.

Nesse sentido, o propósito da atividade foi formar educadores e educadoras que contribuem na construção de uma escola e de uma educação que se preocupe com a formação humana em todas as suas dimensões.

Com isso, as escolas do Paraná realizaram a socialização dos resultados do trabalho desenvolvido nos últimos anos, como o Projeto Pedagógico dos Ciclos de Formação Humana, e um balanço crítico sobre a construção da organização curricular em Complexos de Estudo.

As discussões procuraram dialogar com a prática das escolas dos outros estados presentes, constatando as diferentes dimensões da pedagogia do Movimento, e com isso, visualizar os melhores caminhos a serem percorridos para avançar na construção deste processo.

Professores de inúmeras universidades, como a Unioeste, Unicentro, UFFS, UFPR, UFPR-Litoral, Unila, Unicamp, Fiocruz, UFSC, UEL, tem contribuído neste processo e também participaram da atividade.

Além dos professores, também participaram representantes da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, dos Núcleos Regionais de Educação de Cascavel e de Foz do Iguaçu, e da Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul.

Educação e Produção

Para o pedagogo e mestre em Educação, Luiz Carlos de Freitas, o seminário demarca a elaboração de caminhos para a transformação da escola, projetando e construindo coletivamente uma organização curricular que contemple as diferentes matrizes formativas presentes na vida social. 

Segundo Freitas, para alterar a forma escolar “é necessário que se permaneça encarando a configuração da escola clássica como um problema político e de enfrentamento contra os interesses dominantes.”

A partir disso, “é necessária a convicção de que a construção da escola da classe trabalhadora se fará articulada à produção da vida dos assentamentos e acampamentos”, segue o pedagogo, ao destacar o vínculo da educação com a luta social e a produção.

Nesse sentido, o professor coloca que neste processo de construção, a produção de alimentos com referência na agroecologia é uma ação fundamental, tanto da preservação da terra como patrimônio universal, como na qualidade dos alimentos, num confronto direto com a produção do agronegócio que degrada a terra e gera graves conseqüências à saúde humana e ao meio ambiente com a utilização dos agrotóxicos.

“O dono do agronegócio não come o que planta, pois sabe que produz a morte. A morte do outro se justifica pela necessidade de acumulação de capital, mas é claro, ele não quer a morte para si”, afirma.

Roseli Salete Caldart, do setor nacional de educação do MST, também trouxe a reflexão da apropriação do conhecimento no atual estágio da luta de classes.

“Diante da atual complexidade da luta, compreendemos a necessidade de apropriação do conhecimento que permita apreender conexões, contradições, tendências de mudança dos fenômenos sociais e naturais”.

Para Roseli, umas das exigências formativas é “o exercício prático da concepção de conhecimento que teoricamente assumimos, e como desafio a ser iniciado com as novas gerações. A escola e o conhecimento são de nosso interesse, dos quais não abrimos mão”, ressalta.

Arte e conhecimento

A vivência artístico-cultural também se fez presente na programação. Expressões artísticas como Coral, Teatro, Curta Metragem, Místicas e Circense, realizados a partir das produções dos educandos das Escolas Itinerantes e da Escola Base Iraci Salete Strozak, contemplaram a formação das outras dimensões humanas.

O Parque Nacional do Iguaçu também recebeu a visita dos educandos, onde se aprimoraram na educação ambiental. 

A noite cultural de integração latino-americana socializou as produções de coletivos de estudantes da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que realizaram apresentações de Maracatu, Tango, Hip-Hop Guarani Haé Kuera, Dança Folclórica Argentina e Boliviana, Dança Marinera Nortenha do Peru e Dança Afro-Brasil e Argentina.  

Resultado

Os debates desenvolvidos ao longo de todo o seminário servem para que os educadores retornem às suas escolas com o entendimento da estratégia utilizado pelo Movimento na construção das escolas do campo.

Para Roseli Salete, a concretização da escola que se pretende depende das realidades locais, que ditam os caminhos mais adequados para transformá-la. A educadora afirma, portanto, que “as condições em cada realidade exigem que façamos luta”, aponta.