MST pede que PF também investigue terras griladas pelo rei da soja, no Mato Grosso



Da Página do MST

Uma operação da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso, composto por grandes fazendeiros, grilaram diversas terras públicas pertencentes a áreas de assentamento no Mato Grosso, que, juntas, valem R$ 1 bilhão.


O esquema dos latifundiários mostra a grande força do agronegócio no estado, que se vale de tudo para obter mais terras para explorar.


Da Página do MST

Uma operação da Polícia Federal revelou que um grupo criminoso, composto por grandes fazendeiros, grilaram diversas terras públicas pertencentes a áreas de assentamento no Mato Grosso, que, juntas, valem R$ 1 bilhão.

O esquema dos latifundiários mostra a grande força do agronegócio no estado, que se vale de tudo para obter mais terras para explorar.

Diante disso, o MST do Mato Grosso lança uma nota em que reconhece a importância da ação da Polícia, pois o Movimento sempre foi contra a venda de lotes da Reforma Agrária e denuncia sistematicamente essas ações, mas lamenta que a operação se restrinja a áreas de assentamento, e não investigue as grandes terras reconhecidamente griladas dos latifundiários e grandes empresas.

“Lamentamos que essa ação também não seja feita nas terras da Gleba Marzagão, que é terra da União no município de Rosário Oeste, onde o grupo do rei da soja e políticos do DEM e PSD ocupam as terras com plantios de soja, enquanto um acampamento de trabalhadores rurais espera mais de seis anos que a área seja dividida pelo Incra.

(…) O Mato Grosso tem mais de 3 milhões de hectares de terras públicas da União, que estão sendo apoderadas pelos principais grupos políticos e econômicos do agronegócio. Todas as grandes empresas do agronegócio no estado têm atuação em terras públicas da União e terra devolutas”.


Confira abaixo a nota completa:


O MST vem a público reconhecer a importante ação da Polícia Federal e da Justiça Federal para desmontar o esquema mafioso e criminoso que o agronegócio executa em Mato Grosso para grilar terras públicas da União e terras devolutas do estado.

O agronegócio se utiliza das mais variadas formas de violência física e psicológica contra os mais distintos povos do campo (pequenos agricultores, quilombolas, indígenas) para avançar sobre os territórios.

Lamentamos que essa ação também não seja feita nas terras da Gleba Marzagão, que é terra da União no município de Rosário Oeste, onde o grupo do rei da soja e políticos do DEM e PSD ocupam as terras com plantios de soja, enquanto um acampamento de trabalhadores rurais espera mais de seis anos que a área seja dividida pelo Incra.

O MST sempre foi contra a venda de lotes da Reforma Agrária e sempre denunciou essa prática.

O Incra deveria fazer a fiscalização, mas reconhece o comprador como proprietário  legítimo, dizendo que está dentro dos critérios da clientela da Reforma Agrária, através de servidores corruptos ou por omissão.

Porém, na maioria das vezes, os lotes vão para parentes ou laranjas, que pagam de duzentos a quinhentos mil reais para comprar um lote destinado a não beneficiários da Reforma Agrária.

O Mato Grosso tem mais de 3 milhões de hectares de terras públicas da União, que estão sendo apoderadas pelos principais grupos políticos e econômicos do agronegócio. Todas as grandes empresas do agronegócio no estado têm atuação em terras públicas da União e terra devolutas.

O estado não tem nenhum proprietário com mais de 100 mil hectares de terras registrado em seu nome; porém, os reis da soja plantam mais de 200 mil hectares, alegando serem “terras arrendadas”. Muito estranho com esse boom da soja os proprietários preferirem arrendar suas terras ao invés de produzir.

A Justiça Federal e a Polícia Federal precisam fazer uma fiscalização nesses contratos, para que possamos saber quantos são feitos por pessoas verdadeiras e quantos são apenas contratos fantasiosos.

Nosso povo Sem Terra, os verdadeiros beneficiários da Reforma Agrária, estão passando em média oito anos em acampamentos na beira de estrada para conseguir um lote de 20 hectares, enquanto os barões da soja se apropriam de forma criminosa de dezenas de milhares de hectares, utilizando-se até de assassinatos.

O MST tem o compromisso de continuar a luta por uma verdadeira Reforma Agrária em nosso país. Continuar a luta contra essas práticas de apropriação indevida e criminosa dos bens da natureza (terra, água, florestas e minérios).

Vamos continuar a luta por um outro modelo de produção, baseado na agroecologia, na preservação do meio ambiente e na produção de alimentos saudáveis sem a utilização de venenos.

Continuaremos a luta para que os bens da natureza estejam em função do bem-estar de toda a sociedade brasileira, ao invés de atender apenas à ganância do agronegócio por mais lucro, sem se importar minimamente com a saúde física, psíquica e ambiental da sociedade brasileira.

Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!

Direção Estadual MST-MT