População brasileira vai às ruas exigir o fim do uso de agrotóxicos

 

Da Campanha Contra os Agrotóxicos


De Belém a Porto Alegre, dezenas de cidades brasileiras já confirmaram mobilizações na próxima quarta-feira (3/12), Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos.


Os manifestantes vão denunciar os danos causados pelo modelo agrícola representado pela Bancada Ruralista e exigir mais estímulo à agroecologia, uma alternativa à produção de alimentos saudáveis e com capacidade de garantir a segurança alimentar da população através da agricultura familiar e camponesa.

 

Da Campanha Contra os Agrotóxicos


De Belém a Porto Alegre, dezenas de cidades brasileiras já confirmaram mobilizações na próxima quarta-feira (3/12), Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos.

Os manifestantes vão denunciar os danos causados pelo modelo agrícola representado pela Bancada Ruralista e exigir mais estímulo à agroecologia, uma alternativa à produção de alimentos saudáveis e com capacidade de garantir a segurança alimentar da população através da agricultura familiar e camponesa.

O Brasil se consagrou como o maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2008, ultrapassando os Estados Unidos. Desde então, mais de 1 bilhão de toneladas desses venenos são despejados nas lavouras brasileiras, sem contabilizar o uso doméstico e fitossanitário.

Em média, cada brasileiro consome 5,2 litros desses insumos todos os anos, cujos danos à saúde, especialmente os crônicos, ainda não são de todo conhecidos.

Apesar de diversos estudos científicos comprovarem a associação dos agrotóxicos ao aumento de cânceres, abortos, más-formações congênitas, alterações neurológicas e somáticas, Alzheimer, o governo brasileiro continua a estimular o setor através de isenção fiscal – os agrotóxicos têm 60% de isenção do ICMS, e muitos ainda possuem 100% de isenção do IPI, PIS/PASEP e COFINS.

Em 2013, o mercado de agrotóxicos movimentou aproximadamente US$11,5 bilhões. Contudo, pesquisas recentes apontam que, para cada US$1 gasto com agrotóxicos, são gastos U$1,28 para cuidar de casos de intoxicação agudas no SUS.

O agronegócio é o maior responsável por esse uso, pois privilegia as monoculturas, facilitando a difusão das chamadas “pragas” agrícolas, e a exportação de commodities, não contabilizando os danos à saúde provocados na população.

Embora o setor seja responsável por apenas 30% do que chega às mesas dos brasileiros, a contaminação causada por esses insumos é sistêmicas, visto que a presença de agrotóxicos já foi detectada no solo, água, ar e até mesmo na chuva e no leite materno.

O Dia Internacional de Luta Contra os Agrotóxicos


A data foi estabelecida pela Pesticide Action Network (PAN) para recordar as 30 mil pessoas falecidas (8 mil morreram nos três primeiros dias), muitas delas crianças, na catástrofe de Bhopal, Índia, ocorrida em 1984.

Na tragédia, vazaram 27 toneladas do gás tóxico metil isocianato, químico utilizado na elaboração de um praguicida da Corporación Union Carbide, em uma zona densamente povoada. 560 mil pessoas continuam com sequelas do acidente. Até hoje a corporação, incorporada à Dow Química, não indenizou as vítimas.

Reivindicações


A data está sendo promovida no Brasil pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que reúne agricultores, membros de instituições científicas, movimentos sociais e setores do poder público preocupados com os efeitos dessas substâncias na saúde da população e no ambiente brasileiro.

Entre as principais reivindicações da Campanha, estão a proibição da prática ineficiente da pulverização aérea (que atinge no máximo 30% do alvo), a exemplo do que ocorre na União Europeia, o banimento de agrotóxicos já banidos em outros países do mundo (dos 50 agrotóxicos mais usados no Brasil, 22 já foram proibidos na União Europeia, por exemplo), O fim das isenções de impostos dadas aos agrotóxicos, a
criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, para o livre desenvolvimento da agroecologia e maior controle para evitar a contaminação da água por agrotóxicos.