Movimentos fazem atividade para alertar população de SP contra agrotóxicos


Por Maura Silva
Da Página do MST


Nesta quarta-feira (03/12), Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, diversos movimentos e organizações sociais realizaram um diálogo com a população sobre os perigos dos agrotóxicos através de uma rádio itinerante na Praça do Patriarca, na região central de São Paulo.


Por Maura Silva
Da Página do MST

Nesta quarta-feira (03/12), Dia Mundial de Luta Contra os Agrotóxicos, diversos movimentos e organizações sociais realizaram um diálogo com a população sobre os perigos dos agrotóxicos através de uma rádio itinerante na Praça do Patriarca, na região central de São Paulo.

Para o secretário Nacional de Meio Ambiente da CUT, Jasseir Fernandes, o objetivo da atividade é discutir junto à população maneiras de pressionar o governo federal a adotar políticas progressistas para o campo, contra o forte viés conservador que se apresenta na defesa dos interesses do agronegócio.

“Precisamos fazer o debate nas ruas, indicar para a população o mal que é consumido diariamente nas mesas por cada um dos brasileiros. É hora de lutar contra o marketing das grandes empresas. As mobilizações dos movimentos sindicais e sociais nas ruas serão fundamentais para enfrentar essa bancada ruralista, que tende a lutar cada vez mais pela aprovação de leis que facilitem o uso de agrotóxicos. O nosso papel é não permitir que toda a nossa população seja envenenada à revelia do agronegócio”.

A Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Denise Motta Dau, que também esteve presente na atividade, chamou atenção para os malefícios que o uso e o manuseio dos agrotóxicos causam na saúde da mulher. 

“O uso do agrotóxico para a população em geral é nocivo, mas na saúde das mulheres ele tem um efeito maior. O ciclo hormonal é alterado, há maior índice de abortamento nas regiões em que os venenos são manuseados por mulheres, isso sem falar de deformações de fetos e maior incidência de todos os tipos de câncer”. 

Para a assessora da Secretária Nacional do Meio Ambiente da CUT, Vânia Viana, é papel dos movimentos organizados chamar atenção da população de São Paulo para o consumo excessivo dos agrotóxicos.

“Nós não percebemos que o que comemos vem do campo, e que esse campo está envenenado. O nosso papel hoje aqui é conversar e explicar para a população que ela deve exigir dos poderes públicos o cumprimento da legislação, é um cuidado com a própria saúde.”

Vânia também cita como um dos maiores defensores do uso de agrotóxicos a bancada ruralista, que teve um aumento de 33% nas últimas eleições e elevou de 205 para 273 o número de deputados e senadores no Congresso, o equivalente a 46% da Casa.

“O nível de conscientização está atrelado ao nível de informação da população. Hoje nós temos uma bancada ruralista de peso, que defende doenças, defende o câncer, a má formação de fetos e, principalmente, defende o lucro indiscriminado do agronegócio”, conclui.

Histórico

Em 30 de dezembro de 1984, o vazamento de um gás tóxico usado na preparação de um praguicida causou a explosão da fábrica da Corporácion Union Carbide, em Bhopal, na Índia.

O acidente matou 16 mil pessoas e deixou mais de 560 mil intoxicadas. Para lembrar o desastre e chamar a atenção dos governos mundiais para os riscos no uso e manuseio de venenos, a Pesticide Action Network (PAN) estabeleceu o dia 3 dezembro como o Dia do Não Uso dos Agrotóxicos. Desde então, manifestações e atividades de informação são feitas em todo o mundo.

Apesar dos protestos, o lucro das empresas que produzem venenos só aumenta. Em 2013, o lucro do mercado de agrotóxicos foi de US$11,5 bilhões. Esse montante se concentra nas seis grandes empresas transnacionais fabricantes de agrotóxicos: Monsanto, Basf, Syngenta, Dupont, Bayer (fabricante do gás letal usado pelos nazistas) e a Dow, que até hoje não reconhece sua responsabilidade sobre o que ocorreu em Bhopal.

O Brasil é um dos países que nos últimos anos bateu recordes de consumo de agrotóxicos e sementes transgênicas. População brasileira é diariamente envenenada através da água, do solo e dos alimentos.