Em nota, CNBB manifesta preocupação com as famílias do Dom Tomás Balduíno

Comissão expressa necessidade de mobilizar as autoridades para não transformar o direito da luta pela terra em mais um conflito violento.

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Da CNBB

Nesta quinta-feira (19/02), a Comissão Episcopal Pastoral para o serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Regional Centro Oeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu uma nota, em que manifestam apoio e preocupação com as famílias do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado na fazenda Santa Mônica, em Corumbá – GO.
 

A Comissão expressa a necessidade de mobilizar as autoridades para que não transforme o direito da luta pela terra em mais um conflito violento. Na quinta-feira passada (12/02), foi protocolado recurso por militantes do MST solicitando a suspensão da ordem de despejo no Tribunal de Justiça de Goiás.
 

“Há uma ordem de despejo das famílias para o dia 25 de fevereiro próximo, sentenciada pelo juiz Dr. Levine Raja Gabaglia Artiaga, da Comarca de Corumbá. Caso esse procedimento seja realizado, a Comissão entende que existe grande risco de uma nova tragédia ocorrer, a exemplo de Corumbiara – RO, em 1995, Eldorado dos Carajás – PA, em 1996, e o Parque Oeste, em Goiânia – GO, no ano de 2005, uma vez que as famílias não têm para onde ir e colocaram seus poucos recursos na produção agrícola em aproximadamente duzentos hectares de terra, produção esta que somente estará pronta para colheita em julho deste ano”, afirmam em trecho da nota.
 

Abaixo, a nota na íntegra:
 

Nota do Regional Centro Oeste sobre a ocupação Fazenda Santa Mônica – Corumbá–GO
 

A justiça e a paz se abraçarão” (Cf. Sl 85, 10)
 

A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz do Regional Centro Oeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunida em Goiânia no dia 19 de fevereiro de 2015, manifesta sua preocupação com a situação do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado na fazenda Santa Mônica, em Corumbá – GO, onde mais de 3 mil famílias, há cinco meses moram e produzem.
 

O anseio das famílias é que aquele latifúndio que, segundo informações veiculadas na impressa, compreende mais de 90 propriedades, totalizando cerca de 20 mil hectares, seja adquirido pelo Governo Federal e destinado à Reforma Agrária.
 

Há uma ordem de despejo das famílias para o dia 25 de fevereiro próximo, sentenciada pelo juiz Dr. Levine Raja Gabaglia Artiaga, da Comarca de Corumbá. Caso esse procedimento seja realizado, a Comissão entende que existe grande risco de uma nova tragédia ocorrer, a exemplo de Corumbiara – RO, em 1995, Eldorado dos Carajás – PA, em 1996, e o Parque Oeste, em Goiânia – GO, no ano de 2005, uma vez que as famílias não têm para onde ir e colocaram seus poucos recursos na produção agrícola em aproximadamente duzentos hectares de terra, produção esta que somente estará pronta para colheita em julho deste ano.
 

A Comissão está mantendo diálogo com o Governador de Goiás, Marconi Perillo e com o Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, os quais nos afirmaram estar empenhados em buscar uma saída pacífica para esta situação, visando a proteção da vida e dos direitos das famílias Sem Terra.
 

Igualmente estamos em diálogo com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, MST, que se compromete com uma posição de diálogo com os poderes judiciário e executivo em busca da solução definitiva desta situação, que é a realização da Reforma Agrária na região.
 

Goiânia, 19 de fevereiro de 2015
 

Dom Eugênio Lambert Adrian Rixen

Bispo da Diocese de Goiás

Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz CNBB – Regional Centro Oeste
 

Dom Guilherme Antonio Werlang, MSF

Bispo da Diocese de Ipameri

Vice-Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

CNBB – Regional Centro Oeste