Após ameaça, Stedile recebe cartas de solidariedade do mundo inteiro

Entidades e personalidades manifestaram seu apoio e solidariedade a João Pedro Stédile após a veiculação de ameaça de morte.
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Obra feita pelo grande muralista equatoriano, Pavel Eguez, em solidariedade ao Stedile.

Da Página do MST

As demonstrações de solidariedade chegaram de diferentes setores da sociedade como da Associacion Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe (ATALC) do Uruguai, Solidaridad Suécia – América Latina, da Organización de Mujeres Campesinas e Indígenas, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), da Assolciaçao de Trentinos do Mundo na Itália, entre outros.

O apoio recebido se refere ao anúncio que circulou pelas redes sociais nos últimos dias, em que pedia “Stedile vivo ou morto”, e o classificava como “inimigo da pátria”, oferecendo uma recompensa de R$ 10 mil.

Dom Pedro Casaldaliga disse que “é hora de renovarmos o compromisso de caminharmos juntos; nas lutas do nosso povo. Anunciando e denunciando e estimulando a esperança, que não falha”.

Já a organização Solidariedad Suécia-América Latina emitiu uma nota rechaçando as ameaças e desejando que o MST siga firma na luta contra o latifúndio e pela Reforma Agrária no Brasil.

Em uma carta emocionada, Frei Betto colocou: “João, meu irmão: a sua vida vale muito mais que 10 mil. Vale, por ex, a minha. Conte comigo, sempre”.

O departamento jurídico do Movimento já está tomando as medidas necessárias para que os responsáveis pelas veiculações sejam punidos. Uma representação será impetrada no Ministério Público de Macaé, pois o post teria partido da página pessoal, no Facebook, de um funcionário aposentado da Guarda Municipal dessa cidade fluminense.  

Vale lembrar que o crime de ameaça por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, está inscrito no artigo (147 do Código Penal), é passível de pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

Abaixo algumas cartas recebidas:

Dom Pedro Casaldaliga

Queridos companheiros e companheiras do MST. É hora de renovarmos o compromisso de caminharmos juntos; nas lutas do nosso povo. Anunciando e denunciando e estimulando a esperança, que não falha, porque e causa do Deus da Vida e da Terra. Para Joao Pedro um abraço de carinho e de força. Um abraço entranhável para todo MST.

Frei Betto

João, meu irmão: a sua vida vale muito mais que 10 mil. Vale, por ex, a minha. Conte comigo, sempre.
Bração fraterno e que Deus te protega, abençoe e encoraje sempre!
Betto

Da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE

A CESE, em sua trajetória de 41 anos de atuação em defesa dos direitos humanos, está profundamente preocupada com a crescente onda de criminalização de lideranças e movimentos sociais que se espalham pelo país, estimulada por discursos de ódio que disseminam a violência.

O anúncio veiculado amplamente nas redes sociais em que pede, vivo ou morto, João Pedro Stedile, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, deixou a CESE perplexa. Apresentando-o como líder do MST e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender o seu pedido.

Não é de pouco tempo que lideranças do movimento popular, que lutam por direitos e se posicionam sobre o contexto do país, são perseguidas e criminalizadas por sua atuação política. Vimos acompanhando, há anos, o crescimento dessa onda de ódio que se espalha pelo país, e que já vinha sendo alimentada por amplos setores das mídias convencionais. Agora chega a esse grau de violência, propagandeada abertamente nas mídias sociais, alimentada pelo contexto político do momento.

Como uma organização de defesa de direitos, a CESE se solidariza com o MST e repudia esse ato criminoso que atenta contra a democracia e a vida. Por isso, vem a público exigir das autoridades competentes a apuração rigorosa para localizar e punir, nas formas da lei, pessoas ou grupos que porventura estiveram envolvidos nesse episódio.

 

Da Direção Nacional do MPA

O Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA vem a público manifestar-seem primeiro lugar em solidariedade ao MST e ao companheiro João Pedro Stédile, que está sendo alvo de ameaças através de incitação ao homicídio promovido nas redes sociais por grupos de direita.Essa situação é gravíssima, pois trata-se de ameaçar e intimidar a reação popular diante do golpe em curso, golpe patrocinado pelos interesses imperialistas aliado aos interesses de uma elite entreguista e violenta que não tolera a democracia e controla a opinião pública através do partido da imprensa golpista (o pig). Mas, chega-se nesse nível pelo silêncio ensurdecedor do governo e do PT, que cria um vácuo politico, habilmente aproveitado pelos abutres que querem extirpar do povo brasileiro as riquezas de nosso país, nossos símbolos nacionais e o sonho de um país livre, soberano, de povo feliz e digno.Por isso, insistimos que o PT e o governo precisam romper o silêncio, ir para o povo, comunicar-se e defender o projeto. É preciso fazer a batalha da comunicação, retomar o Muda Mais, apoiar a mídia alternativa e parar de alimentar com recursos públicos o pig, a globo golpista.E nós movimentos populares, nós do MPA estamos na rua, defenderemos o avanço da democracia, a Petrobras, a superação da desigualdade social, a Reforma Politica, e não aceitaremos as ameaças e intimidação. Ao MST e João Pedro, nosso compromisso com a Vida e com a Luta!

 

Da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)

Acompanhamos, nos últimos dias, a veiculação de um cartaz nas redes sociais pedindo “Stédile vivo ou morto”. João Pedro Stédile é integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e valoroso lutador pelas causas populares. O autor do anúncio oferece uma recompensa de R$ 10 mil para quem atender ao seu pedido. Repudiamos essa grave violação de direitos humanos e afirmamos que, em hipótese alguma, liberdade de expressão pode ser confundida com discurso de ódio. Tal manifestação ameaça a vida de Stédile e a própria democracia brasileira. Este fato reforça a necessidade de controle social e regulação da mídia, pois ao contrário das acusações de “censura”, o controle social é fundamental para a garantia de direitos humanos e o aprofundamento da democracia. Exigimos apuração devida e responsabilização por tais atentados e afirmamos que política se faz com debate de ideias, e jamais com disseminação de ódio. Vida longa ao Stédile!

 

Da Juventude do Partido dos Trabalhadores

A Secretaria Nacional de Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT) vem por meio desta nota manifestar seu repúdio as ameaças feitas contra a vida de João Pedro Stedile.

Somos contra a qualquer tipo de manifestação que incite a violência, seja ela de classe, gênero, racismo, homofobia ou contra a vida. Esperamos que todos os procedimentos legais sejam cumpridos e julgados pelas autoridades legais do País. Essas ação de ameaça criminosa faz parte do uso político e do ódio por parte daqueles que foram derrotados nas eleições presidenciais.

O companheiro João Pedro Stedile é membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), um líder popular e legítimo do povo brasileiro, que há anos luta pelo direito constitucional de acesso à terra e a melhoria da vida daqueles que tiram seu sustento dela. O MST é um dos principais movimentos sociais que lutam por um país mais justo, igualitário.

Viva João Pedro Stedile!
Viva o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra!”

 

Do Levante Popular da Juventude

O Levante Popular da Juventude repudia a manifestação difundida nas redes sociais na última semana que ameaça a vida de João Pedro Stédile, principal referência dos movimentos sociais e organizações populares no Brasil.

Em um contexto de intenso acirramento político, a ameaça à vida de uma liderança popular reafirma o caráter fascista de setores conservadores, que vem à público expressar seu desprezo pela Democracia sem qualquer constrangimento.

Exigimos que o senhor Paulo Machado, integrante da guarda municipal de Macaé/RJ, seja indiciado, julgado e condenado pela ameaça realizada, propagando o ódio e incitando a execução de uma pessoa, em troca de dinheiro.

Além disso, é necessário que o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Prefeitura de Macaé se responsabilizem pelas investigações e afastamento do servidor público. O poder público não pode ficar inerte diante de atos recorrentes de incitação à violência, intolerância política, perseguição ideológica.

Em síntese, não podemos admitir atos que colocam em risco os fundamentos da nossa frágil Democracia, e que crimes como esses ganhem força e envenenem a sociedade brasileira com o ódio.O Levante permanecerá lado a lado com João Pedro, o MST e todos os lutadores do povo, em defesa da Democracia e pela construção de um Projeto Popular e Soberano de nação.

 

Da Dirección Nacional da CONAMURI

Desde la CONAMURI, Organización de Mujeres Campesinas e Indígenas, deseamos expresar nuestra solidaridad con el compañero JoãoPedro Stedile, dirigente histórico del Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST, de Brasil), que está siendo amenazado de muerte por ciertos exponentes del sector más reaccionario del vecino país.

Sabemos que la oligarquía es la misma en todas partes y defiende sus intereses por encima de toda ética, haciendo uso de los grandes medios de prensa comerciales para destilar sus odios contra los defensores y las defensoras comprometidas socialmente con un proyecto de mundo mejor.

Reprobamos este tipo de acciones que atentan contra la vida impunemente haciendo uso irresponsable de las redes sociales y condenamos la naturalización de la violencia que esto implica con su mensaje.

En nuestros países ya sumamos demasiados asesinatos de líderes campesinos e indígenas que no han sido tocados por el brazo de la justicia y, por lo tanto, esperamos que esto no pase a mayores y que no se vuelvan a repetir.

 

Da Rede de Amigos de la Tierra Uruguay

Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe (ATALC) expresa su profunda preocupación y consternación ante la noticia de que João Pedro Stédile, de la Coordinación Nacional del Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) de Brasil, fue amenazado públicamente de muerte el miércoles 11 de marzo.

Esta grave e insólita acción es parte de una escalada de violencia y ataques a los movimientos populares en Brasil, por parte de una derecha política que se niega a aceptar su derrota en las urnas en las elecciones presidenciales de octubre de 2014.

La amenaza, realizada a través de un anuncio circulado por internet y que ofrece un monto de 3 mil dólares a quien entregue a Stédile “vivo o muerto”, ya ha sido denunciada a las autoridades competentes como un crimen de incitación a la práctica de homicidio. Desde ATALC demandamos que los responsables respondan ante la justicia. Nuestro compañero João Pedro Stédile quien junto al movimiento al que pertenece, el MST, ha llevado adelante una lucha inclaudicable por el derecho a la tierra y la soberanía alimentaria en Brasil y en

América Latina, representa para nuestros pueblos un ejemplo de entrega infinita y consecuente a la causa de la justicia social y la dignidad y soberanía de nuestros pueblos. Como ya hemos dicho, tocan a uno y nos tocan a todos y todas. El gobierno y la justicia brasileña deben velar en este momento por la protección de Stédile y todos/as los/as luchadores/as sociales.Expresamos además nuestra profunda solidaridad con la amplia gama de movimientos sociales brasileños, que ante este panorama de violencia política virulenta, han convocado para este viernes 13 de marzo a grandes movilizaciones en diversos estados del país.

Da União Nacional dos Estudantes (UNE)

A União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secudanristas (UBES), e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), repudiam veementemente a ameaça de morte que circula nas redes sociais contra o companheiro de lutas e amigo João Pedro Stédile, da coordenação nacional do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O tosco anúncio pede “Stedile vivo ou morto” e oferece uma recompensa de R$ 10 mil.

Recebemos com indignação essa notícia, ocorrida em um acirrado momento político que vive o Brasil. O debate político e ideológico das ideias muito interessa aos movimentos sociais e estudantil, no entanto, ameaças e intimidações são atitudes que pertencem ao passado e custaram a vida de trabalhadores e estudantes que combateram a repressão e violência da ditadura.

Recentemente, o MST mostrou a sua força como um dos principais movimentos sociais do país ao mobilizar mais de 30 mil pessoas em 22 estados em ações da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, com denúncias ao modelo de agronegócio vigente no Brasil. A UNE se solidariza e se soma à luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra do país em defesa da reforma agrária e de mais direitos.

Exigimos que as autoridades investiguem e responsabilizem criminalmente os autores deste crime de incitação à prática de homicídio. Em um Estado Democrático de Direito, é inadmissível que uma prática como essa ainda aconteça.

União Nacional dos Estudantes — UNE
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES
Associação Nacional de Pós-Graduandos – ANPG

São Paulo, 12 de março de 2015

Frères des Hommes

A Frères des Hommes denuncia estas manipulações e ameaças feitas específicamente ao João Pedro Stédile, e quer reiterar toda a sua solidariedade e o seu apoio à sua pessoa em particular, assim como à acção do Movimento dos Trabalhadores rurais sem terra no geral, que, como a Frères des Hommes, está comprometido numa luta por um mundo melhor, mais justo e mais solidário.

Paris, 18 de Março de 2015

Luc Michelon, Presidente da Frères des Hommes