Sem Terra ocupam Incra em Araguatins e pedem fim da violência no campo

A ocupação é uma resposta ao confronto que aconteceu neste sábado (2), quando cerca de 150 famílias foram recebidas à bala logo após ocuparem a Fazenda Santa Ilário.

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Da Página do MST

Na manhã desta segunda-feira (4), 150 famílias do MST ocuparam a sede do Instituto Nacional de colonização e refoma agraria (INCRA) em Araguatins, no estado do Tocantins.

Segundo Antônio Marcos, da coordenação do MST, os Sem Terra permanecerão no Incra até serem atendidos pela superintendência e pela ouvidoria agrária.

“Exigimos a presença do superintendente do Incra para denunciar a violência e a impunidade no campo e a morosidade do órgão em fazer a Reforma Agrária”, disse.

O Sem Terra se refere ao confronto que aconteceu neste sábado (2), quando cerca de 150 famílias foram recebidas à bala logo após ocuparem a Fazenda Santa Ilário, na cidade de Araguatins. Na ocasião, um Sem Terra levou um tiro por parte dos jagunços.

Segundo os trabalhadores rurais, a área pertence à União e foi grilada pelo fazendeiro paulista Lund Antônio Borges.

Histórico

Não é a primeira vez que situações deste tipo acontecem na luta pela Fazenda Santa Ilário. Situações semelhantes a essa já aconteceram em abril de 2009 e em agosto de 2007.

Após uma ocupação em 2009, três pessoas chegaram num veículo e realizaram cinco disparos com arma de fogo em direção a um grupo de crianças, mulheres, um portador de deficiência física e diversos acampados, atingindo um deles: Raimundo Nonato. Na época, um dos três atiradores foi identificado pelos acampados como agente da Polícia Civil de Araguatins.

Na ocasião, representantes de entidades da sociedade civil organizada apresentaram um documento à Procuradoria da República no Tocantins (MPF) assinado por 22 entidades, com pedido de apuração sobre tentativa de assassinato de uma liderança do Acampamento Alto da Paz.

Já em 2007, a fazenda foi novamente palco de um conflito entre Sem Terras, pistoleiros e policiais militares, que resultou na morte do lavrador José Reis, de 25 anos. As circunstâncias e autoria do crime nunca foram esclarecidas. 

Em 12 de agosto de 2004, o Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego, em fiscalização na Fazenda Santo Hilário, libertou 6 pessoas encontradas em condições de trabalho análogo ao de escravo. O nome do proprietário, Lund Antônio Borges, foi incluído na “Lista Suja”, em julho de 2005.