Seminário discute efeitos do consumo de agrotóxicos na saúde humana

Na atividade foram discutidas a relação entre a saúde e o avanço desenfreado do agronegócio.

 

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Da Página do MST

Mais de 300 pessoas entre assentados/as, estudantes, técnicos, professores, pesquisadores e trabalhadores da saúde se reuniram no último dia 30/04 na cidade de Teodoro Sampaio, Pontal do Paranapanema, para discutir os impactos na saúde causados pelo agronegócio e o uso excessivo dos agrotóxicos e dos transgênicos.

O seminário foi construído a partir da iniciativa do setor de saúde do MST e de  diversos parceiros como o Colegiado de  Desenvolvimento Territortial  (CODETER), o Centro de Referência em Saúde do trabalhador de Presidente Prudente e região (CERREST/PP), Universidades e a Associação de Luta contra o Câncer de Mirante do Paranapanema.

Foram discutidas a intensa relação entre a saúde, o trabalho e o meio ambiente com o avanço desenfreado do agronegócio na região.

Dentre as mesas e depoimentos, algumas pesquisas foram apresentadas e ao final do dia foi produzido um diagnóstico da saúde regional que deve ser sistematizado e trabalhado nos próximos dias.

Em sua exposição de pesquisa realizada, a fonoaudióloga do Cerest, Meire Judai, foi enfática ao dizer que substâncias contidas nos venenos usados nas lavouras têm causado a perda da audição e até surdez de trabalhadores.

Telma Marinotti, da Associação do Câncer de Mirante do apresentou dados que indicam que casos de câncer vêm aumentando na região.

Segundo pesquisas realizadas por pesquisadores do grupo Cetas da Unesp, os assentamentos na região representam uma importante conquista na qualidade da saúde de seus habitantes.

Para o professor Raul Borges Guimarães, a criação de assentamento na região contribui sobremaneira com a qualidade de vida da população local.

“A recuperação dos solos e matas, bem como a construção da segurança alimentar, são grandes conquistas em se tratando de saúde e bem estar, mas esses assentamentos  estão em risco por estarem rodeados de cultivo de cana-de-açúcar, com uso intensivo de agrotóxicos, bem como a instalação de usinas de beneficiamento da cana”, ressaltou.

Para Antonio Thomaz Junior, pesquisador do Cetas-Unesp, a região está no centro do Polígono do Agronegócio, ou seja, dentro de uma vasta área de interesses do capital onde se concentra enorme porção de terras férteis e com grande disponibilidade de água.

“Após a instalação de algumas usinas aumentaram os índices de doenças alérgicas, respiratórias, dermatológicas e até neoplasias (câncer). Várias doenças atingem também os animais e as plantações. Existe também a dificuldade de produzir várias culturas agrícolas pelo impacto causado com o veneno que é despejo pelos aviões pulverizadores ou que chega com o vento sobre a plantação dos assentamentos”, pontua.

Como encaminhamentos do seminário, uma carta denúncia será divulgada para imprensa e órgãos públicos esta deverá servir de base para plenárias e fóruns em saúde.

Também será produzido material informativo sobre os temas discutidos que serão distribuídos em postos de saúde, escolas e locais públicos para aumentar o conhecimento da população sobre esses problemas na região, além de outras atividades de formação e trabalho na área da saúde.