Sem Terra bloqueiam trechos das principais rodovias no MS

Desde o dia 1º de maio os movimentos sociais e sindicais do estado estão participando da Marcha da Classe Trabalhadora do Campo e da Cidade.

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Da Página do MST

Cerca de 300 Sem Terra bloquearam na manhã desta quarta-feira (20), as principais rodovias federais de Mato Grosso do Sul.

Na ação participaram também militantes da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetagri), do Movimento Camponês de Luta pela Reforma Agrária (MCLRA).

As rodovias bloqueadas foram a 262 no 30 Km depois de Terenos, a rodovia 163, nos municípios de Nova Alvorada, Itaquiraí e Mundo Novo, rodovia 267, em Casa Verde e a rodovia 060, em Sidrolândia.

As ações no estado acontecem desde o dia 1º de maio quando movimentos sociais e sindicais de Mato Grosso do Sul iniciaram a Marcha da Classe Trabalhadora do Campo e da Cidade, que durou cinco dias e teve a participação de cerca de mil pessoas, os marchantes vieram do Posto Jaú, próximo a Anhanduí até Campo Grande.

No último dia (6), quarta-feira, eles ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), onde permanecerão até a tarde de sexta-feira (8), depois seguiram para o Moreninho da UFMS, onde encerrarão uma mobilização de 10 dias com algumas vitórias e perspectivas.

Durante a marcha uma comissão de negociação do MST foi até Brasília onde conseguiram avançar em questões referentes a alguns pontos da habitação rural.

Segundo Jonas Carlos da Conceição, membro da direção nacional do MST, as mobilizações continuam, pois os movimentos querem celeridade no processo de nomeação  do superintendente para que outros assuntos referentes a Reforma Agrária possam caminhar.

“Queremos que o novo superintendente do INCRA de MS seja um nome técnico, uma pessoa comprometida com a Reforma Agrária e não apenas uma indicação política. Nossa luta é pela reestruturação do órgão que está totalmente sucateado em nosso Estado e sem condições de tocar as questões que necessitamos para os acampados e assentados”, disse.

Atualmente em Mato Grosso do Sul existem cerca de 12 mil acampados esperando ser assentados, ao mesmo tempo existem mais de 30 mil assentados, que também sofrem com a inoperância do INCRA, principalmente na parte de documentação e assistência para que possam de fato sobreviver pelo que gera o seu lote.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Centro-Oeste concentra o menor número de propriedades rurais (317,5 mil) e a maior área (103,8 milhões de hectares), implicando numa área média de 327 hectares, portanto está claro a inoperância da política agrária brasileira, que não conseguiu atingir o seu principal objetivo no país, a Reforma Agrária.

Além das pautas nacionais com o INCRA, os movimentos também pautam algumas questões a nível de estado, entre elas o fato do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), ter se reunido com uma comissão de negociação no final de fevereiro, ter solicitado uma relação sobre a realidade da infraestrutura dos assentamentos e até o momento não ter dado retorno concreto sobre isso.

Jonas Carlos afirmou ainda que os movimentos permanecerão unidos até o INCRA Nacional e o Governo do Estado tomarem providências.

“Estamos esperando ações deliberativas e que nos apontem soluções cabíveis para a situação alarmante dos nossos acampados e dos assentados, por esse motivo continuamos unidos, mobilizados e em luta”, ressalta.

Segundo, Dinho Lopes, também da direção do MST, o movimento segue mobilizado a espera de uma deliberação concreta do INCRA Nacional.

“Analisamos que nos dias de mobilização nós avançamos em alguns pontos, como a liberação de recursos para o INCRA de MS começar a andar novamente, pagando, por exemplo, os quatro meses de aluguel atrasados do prédio em que o órgão está instalado. Além disso, estamos com a expectativa da vinda desse representante nacional que é fundamental para consolidação de conquistas”, conclui.