Camponeses iniciam contagem regressiva para Jornada de Agroecologia

Em preparação para o evento, que acontece no mês de junho, Seminário reúne diversas organizações para a discussão de políticas públicas sobre agrobiodiversidade.

 

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Kaio Miotti
Da Página do MST

Este ano, será a vez do município de Irati, no Paraná, sediar um dos eventos mais relevantes sobre agroecologia: a Jornada de Agroecologia.

Entre os dias 22 a 25 de junho, cerca de 4 mil pessoas, entre agricultores, estudantes, técnicos, pesquisadores e educadores de instituições de assistência técnica, pesquisa e ensino, organizações não governamentais e movimentos sociais do campo e da cidade devem participar da 14ª edição do evento.

Além de ser um espaço de politizar o debate sobre a agroecologia, também será um momento de troca experiências e fortalecimento da construção de um projeto popular e soberano para a agricultura.

“O evento leva o nome de Jornada porque é contínuo e permanente. Os conhecimentos apreendidos não se limitam aos dias que o encontro acontece, mas são levados para o cotidiano dos participantes, dos agricultores, onde são aplicados e, no ano seguinte, apresentado os resultados e descobertas”, disse Jakeline Pivato, da coordenação da jornada.

A primeira Jornada de Agroecologia aconteceu em 2002, em Ponta Grossa. De lá pra cá o evento já esteve presente nas cidades de Cascavel, Francisco Beltrão, Londrina e Maringá, sempre com o lema: Cuidando da Terra, Cultivando Biodiversidade, Colhendo Soberania Alimentar – Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos.

Preparação

Diversas atividades estão sendo promovidas em preparação à jornada. Entre os dias 7 e 8 de maio, diversos grupos e organizações realizaram o seminário “O manejo sustentado da agrobiodiversidade – Experiências no Paraná”, na sede da Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), no Assentamento Contestado, na Lapa (PR).

O seminário debateu políticas públicas, identificou experiências de manejo no estado, promoveu o intercâmbio de informações e aprofundou o debate quanto à conformação de uma rede de biodiversidade, agrobiodiversidade e sementes.

Os Projetos de Lei (PLs) e legislações sobre biodiversidade e agrobiodiversidade tiveram destaque nas discussões.

André Dallagnol, assessor jurídico da Terra de Direitos, fez um alerta para a tramitação do PL de “Acesso e Repartição de Benefícios” (PLC) 02/2015, que regulamenta o acesso ao patrimônio genético de plantas e animais nativos do Brasil e os conhecimentos tradicionais a eles associados.

O PL, aprovado em regime de urgência, legaliza a biopirataria e a apropriação dos conhecimentos populares, transformando-os em mercadoria. Agora, falta apenas a sanção presidencial.

O fim da rotulagem dos transgênicos e a aprovação de variedades de milho e soja transgênicas resistentes ao herbicida 2,4-D foram outros pontos levantados.

José Maria Tardin, da coordenação da ELAA, falou da necessidade de debater e denunciar os perigos dos agrotóxicos e transgênicos.

“A derrubada da lei de obrigatoriedade da rotulagem dos produtos transgênicos impede o direito das pessoas saberem o que elas estão comendo”, colocou.

Também conhecido como “agente laranja”, usado em guerras como a do Vietnã, o herbicida 2,4-D causa diversos males à saúde.

“Banido em vários países por seus efeitos mortais sobre humanos, animais e a biodiversidade, o 2,4-D foi aprovado para substituir o glifosato, outro agrotóxico que provoca câncer, mutação genética e esterilidade masculina, mas que já não dá conta de eliminar muitas plantas indesejáveis que nascem nas lavouras de soja e milho,” explicou Tardin.