Escolas têm papel central na formação agroecológica, aponta juventude

Juventude do MST debate com educadores do campo sobre o papel das escolas durante encontro no RS.

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Catiana de Medeiros
Da Página do MST

A juventude do MST também foi protagonista do 7º Encontro Estadual de Educadores da Reforma Agrária do Rio Grande do Sul, realizado entre os dias 22 a 24 de julho, no Centro de Formação Sepé Tiarajú, no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão.

Danieli Coite Cazarotto, do coletivo de juventude, e Gerônimo Pereira da Silva, do setor de formação do MST, relataram a luta dos jovens na construção da Reforma Agrária Popular e apontaram a necessidade de incentivos, principalmente na área de infraestrutura social, para que a atual e as futuras gerações possam permanecer no campo.

“Nós, jovens, queremos ficar e trabalhar no campo, mas para isso precisamos de escolas, moradias, postos de saúde, tecnologia e espaços de lazer construtivos em nossos assentamentos”, defenderam.

Para Pereira, a permanência dos jovens no campo também depende do apoio das escolas, onde os educadores, por meio de atividades práticas e de conscientização, orientem seus educandos para a produção agroecológica e deem continuidade à luta do MST na conquista e democratização da terra.

“Os jovens ficarão no campo a partir da nossa união e organização, e as escolas devem pensar com a juventude formas de cooperar nesse processo. Nossas instituições precisam estar entre os principais defensores da Reforma Agrária Popular, formar camponeses com conhecimento em agroecologia e ser guardiãs da luta dos Sem Terra”, apontou.

Na ocasião, Danieli falou sobre a participação do coletivo estadual da juventude em espaços do Movimento e em ações sociais, e a disposição para alianças construtivas com a comunidade escolar.

“Nosso coletivo é responsável por iniciativas de formação, planejamento e organização em assentamentos do MST. Ele é composto por jovens abertos ao diálogo, que carregam em si a identidade camponesa e estão dispostos a lutar junto às escolas para garantir direitos e construir a sociedade que queremos”, disse.

A importância do engajamento escolar para a permanência da juventude no campo foi reconhecida pelos educadores. Segundo Ivânia Sotilli, da Escola Estadual de Ensino Médio 8 de Agosto, localizada no Assentamento 8 de Agosto, em Candiota, as escolas darão todo o apoio necessário para que as crianças e os jovens assentados tenham condições de permanecer no campo e continuarem lutando pela Reforma Agrária Popular.

“Nós vamos dar continuidade, junto aos nossos jovens e crianças, ao protagonismo dessa luta”, garantiu.

O diálogo da juventude com educadores do campo do RS aconteceu na última sexta-feira (24), e fez parte de atividades de formação do Setor de Educação do MST/RS em preparação ao 2º Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária (Enera), que será realizado de 21 a 25 de setembro de 2015, em Luziânia (GO).

Boas perspectivas

Para Diana Daros, do setor de educação do MST, o 7º Encontro Estadual de Educadores da Reforma Agrária superou as expectativas e fez projeções construtivas em torno das questões abordadas, como o uso de agrotóxicos e investidas do capital na produção do campo, que irão respaldar o trabalho nas escolas.

“Agora o desafio dos educadores é trabalhar para a construção de um coletivo ampliado nas regiões, que envolva juventude, técnicos, famílias assentadas e secretarias, a fim de continuar a discussão sobre o tipo de educação que queremos e como podemos avançar nas nossas proposições”, afirmou.

Após o encontro, o secretário municipal de Educação de Hulha Negra, Vinícius Kercher, declarou que já pensa em iniciativas para serem implantadas no município, com base nas ações apresentadas.

“Aprendemos práticas educacionais que deram certo nas escolas, como a horta e a produção agroecológica, além de outras boas experiências que podemos aproveitar em nosso município. Também nos foi sinalizada a problemática dos agrotóxicos, a importância da permanência da juventude no campo e a conscientização de que precisamos trabalhar coletivamente para que mudanças positivas aconteçam na nossa área. Tudo isso nos será muito útil”, disse Kercher.

Salete Campigotto, coordenadora dos cursos de Agronomia e Técnico em Agropecuária do Instituto Educar de Pontão, disse estar desafiada e disposta a articular o setor de educação na região em que trabalha.

“A socialização de experiências nos mostrou a diversidade, a beleza e a profundidade dos trabalhos realizados nas escolas, onde há enfoque para uma matriz produtiva que valoriza os alimentos saudáveis, respeita a natureza e a agroecologia. Isso tudo corresponde à luta do MST. Agora temos a missão de vencer os desafios para que possamos construir um ensino de qualidade no campo, e que seja voltado para o campo ” finalizou.