Milhares de pessoas saem às ruas de todo Brasil por uma ‘saída à esquerda’

Em São Paulo, a maior delas, ao menos 100 mil se juntaram contra o ajuste fiscal e em defesa da democracia.

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Da Página do MST*

Centenas de milhares de pessoas saíras às ruas em todo o país nesta quinta-feira (20). 

As mobilizações marcadas por diversos movimentos populares tiveram como foco a denúncia das atuais políticas de austeridade do governo federal, a “guinada conservadora” comandadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e afirmar que “a saída da crise é pela esquerda”. 

A crítica contra o ajuste fiscal pede “que os ricos paguem pela crise”, apontando, também, a taxação de grandes fortunas, dividendos e remessas de lucros e auditoria da dívida pública como alternativas para aliviar a economia.

Os movimentos ainda defendem que a saída da crise “deverá ser pela esquerda”, e convoca a população para lutar por reformas.

Em São Paulo, a maior delas, calcula-se que cerca de 100 mil pessoas acabaram se somando à mobilização que se iniciou no Largo da Batata e foi até a Avenida Paulista.

Também tiveram mobilizações em ao menos em algumas cidades de Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais, Alagoas, Rio Grande do Sul, Pará, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Ceará e Bahia, além de Manaus e Brasília.

“Queremos demonstrar para o conjunto da classe trabalhadora que se unirmos forças é possível garantir uma pauta progressista”, disse João Paulo Rodrigues, do MST.

 

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O presidente da CUT, Vagner Freitas, enfatizou que a manifestação defende um projeto nacional de desenvolvimento, com geração de empregos e renda e redução das desigualdades. “Queremos respeito à democracia. Quem perdeu as eleições tem de parar com esse negócio de terceiro turno e se preparar para 2018”, afirmou Vagner.

 

“Mas não concordamos com essa política neoliberal nefasta para os trabalhadores. É preciso taxar as grandes fortunas. Quem ganha mais que pague mais. Também não concordamos com enfrentar a inflação com essa política de juros altos. O mercado não pensa nos trabalhadores”, disse o presidente da CUT. “Estamos aqui por reforma agrária, por uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial de campanhas, por uma reforma tributária que reduza as desigualdades e por uma reforma de mídia que combata a concentração e o oligopólio dos meios de comunicação.”

A “indignação seletiva” dos protestos de domingo passado foi observada por Guilherme Boulos, do MTST. “Estamos aqui para rechaçar esse moralismo seletivo de quem foi à Avenida Paulista dizer que é contra a corrupção, mas aplaude Eduardo Cunha e Aécio Neves”, disse, referindo-se ao presidente da Câmara, que acaba de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República por crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, e ao senador tucano e presidente do PSDB.

Cunha também foi alvo do discurso de Raimundo Bonfim, coordenador estadual da CMP: “Estranho que o nome de um dos maiores corruptos do país não foi visto em nenhum cartaz. Aquela elite que foi à Paulista domingo não quer acabar com a corrupção, quer é acabar com os programas sociais”.

Boulos foi contundente também ao criticar o governo federal: “Nós não estamos aqui para defender nenhum governo. Viemos também rechaçar o ajuste fiscal que corta investimentos sociais, e essa Agenda Brasil”, ressaltou, referindo-se a propostas apresentadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A pretexto de instalar uma negociação que ponha fim à crise de governabilidade, Renan propõe medidas como aprovação do projeto que libera as terceirizações, a flexibilização de regras para concessão de licença ambiental, a alteração do tempo de contribuição para aposentadorias, entre outras, que abrem caminho para novas privatizações e atacam as terras indígenas. “Não aceitamos nenhum pacto sem povo. Isso é saída pela direita. E defendemos a saída pela esquerda. E ajuste fiscal no lombo dos ricos. Isso aqui é só o começo.”

*Com informações da RBA