Camponeses reafirmam sua identidade durante congresso no Pará

Encontro reuniu representantes de movimentos sociais ligados à Via Campesina.

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Por Viviane Brígida
Da Página do MST

Fotos: Jean Brito e Ícaro Matos

 

Terminou nesta quinta-feira (01), o IX Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), evento que aconteceu em Belém do Pará e que reuniu representantes de movimentos sociais ligados à Via Campesina. 

Patrus Ananias, ministro do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) participou das atividades de encerramento do encontro.

O representante do Governo Federal recebeu e ouviu todas as proposições das organizações e movimentos presentes sobre as políticas públicas, em especial a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) e os avanços com perspectivas agroecológicas.

Compondo a mesa também estava o representante da Via Campesina, Ulisses Manaças, que apresentou como um dos desafios das camponesas e camponesas na Amazônia que salientou que “bem viver é se contrapor ao modelo produtivo no campo e multiplicar as experiências agroecológicas com base na cooperação e na soberania alimentar”.

Para Nívea Regina do MST-RJ, que também participou do evento, o CBA foi fundamental para fazer um recorte da realidade agrária. 

“Estar presente nesses espaços é disputar tanto ideologicamente quanto cientificamente os debates. A região amazônica é de grande importância devido a sua centralidade no histórico de luta e desenvolvimento agrário do país. Os sujeitos aqui presentes, devido a sua ampla diversidade, tem muito o que contribuir para a Via Campesina Brasil”, disse Regina.

De acordo com Charles Trocate, do Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM-PA), esse tipo de espaço fortalece a construção da Via Campesina em uma região tão central quanto a Amazônia.

“Espaços como esse em que nos encontramos para discutir nossos desafios, deveriam ser frequentes, porque isso nos possibilita fazer uma análise partindo da perspectiva de cada sujeito que está na construção diária de seus movimentos, tendo em vista a diversidade de sujeitos históricos presentes na região”, afirmou Trocate. 

Roda de Conversa

Durante todo o encontro foram feitas rodas de conversa dedicadas a trocas de conhecimento, experiências de pesquisa e produção de alimentos saudáveis nos diferentes espaços com enfoque agroecológico.  

O representante da Via Campesina, Sebastião Lopes e do Sistema Agroecológico de Produção Orgânica (Sapo), que fica localizado no assentamento João Batista, afirmou que devemos ter o compromisso de comer alimentos saudáveis. 

“A agroecologia é a visão que veio dar certo. Somos capazes de buscar uma nova história do empírico com a técnica. Usar os recursos naturais disponíveis no lote. Ter diversidade alimentar e comer uma produção que não seja do enlatado”, declara Lopes. 

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As noites culturais no acampamento

As noites culturais foram marcadas por muita poesia, cantigas e roda de conversas. A música ficou por conta dos artistas Pedro Munhoz, Rafael Lima e pelo grupo de carimbó, Ritmo Paraense.

Pedro Munhoz, artista e militante social demonstrou sua satisfação de estar pela primeira vez no Pará e cantar para camponeses e camponesas da região amazônica. 

Para Márcio Jandir, jovem camponês do Pará. “A noite cultural é também um momento de fortalecimento da identidade do povo camponês”. O assentado destacou que “a música dentro do Movimento representa um ato de insubmissão dos povos contra o agronegócio sejam motivadas”.

A Ciranda e as novas gerações

O espaço da ciranda infantil mostrou aos pequenos a importância da soberania alimentar e da produção agroecológica para as futuras gerações.

Foram mais de 200 crianças que participaram de oficinas de jardinagem, confecção de instrumentos com material reutilizável e rodas de brincadeiras, que ensinou as crianças a importância da agroecologia para uma vida melhor e mais saudável. 

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