MST participa de conferência sobre internacionalismo no século 21

Encontro na Alemanha reuniu políticos, militantes e teóricos para discutir o papel das brigadas que hoje atuam em diversos países.

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Por Alan Tygel
Da Página do MST

Qual sentido do internacionalismo no século 21? Para responder a esta pergunta, um grupo de ativistas realizou em outubro deste ano a conferência “Internacionalismo e Solidariedade no Século XXI”, em Berlim, na Alemanha.

De acordo com David W.,um dos organizadores do evento, “o internacionalismo e os movimentos de solidariedade do último século nos deixaram muitas experiências e uma gama de desafios teóricos e de natureza prática”.

Para ele, no entanto, “uma reflexão consciente até hoje não resultou em nenhum movimento concreto. Muitos ativistas se decepcionaram no passado, e por isso precisamos de uma nova iniciativa conjunta.”

A afirmação é particularmente relevante para ativistas alemães que participaram das brigadas de solidariedade que atuaram em diversas lutas revolucionárias na América Latina.

No caso de El Salvador, por exemplo, uma ampla campanha na Alemanha arrecadou fundos para compra de armas para os guerrilheiros que lutaram contra a ditadura militar entre 1980 e 1992.

Ações similares, inclusive com envio de grandes brigadas, aconteceram no mesmo período na Guatemala, Nicarágua e em Cuba. 

Hoje, no entanto, a visão geral é de que a ajuda internacional tem um foco maior nos interesses econômicos, e não no fortalecimento de processos revolucionários.

Para debater o tema, foram convidados diversos militantes, intelectuais e políticos da Argentina, El Salvador, Cuba, País Basco, Andaluzia e Colômbia.

Pelo Brasil, Joaquín Piñero, do coletivo de relações internacionais do MST, relembrou a importância do internacionalismo na construção do MST. “Somos muitos gratos a todos os movimentos internacionais que fortaleceram o MST desde seu surgimento até hoje”.

E utilizando a bandeira do Movimento mostrou a importância do tema para os Sem Terra. “A faca, instrumento de trabalho, luta e resistência camponesa, ultrapassa o mapa do Brasil, pois sabemos que nossa luta é internacional”, disse.

Piñero explicou a importância das várias dimensões do internacionalismo a partir da ótica do MST, e reforçou o papel das brigadas de militantes do Movimento que atuam em diversos países: “Em primeiro lugar, servem como intercâmbio de experiências de luta entre a classe trabalhadora. Além disso, é um processo fundamental para a formação de quadros dentro Movimento. E finalmente, o mais importante, estarmos construindo um projeto de integração a partir dos povos”, afirmou.

Exemplos desta integração é a Via Campesina, que aglutina organizações de camponeses do mundo inteiro, e a a ALBA Movimientos na América Latina, que agrega organizações do campo e da cidade na luta contra o imperialismo na região.

Atualmente o MST conta com brigadas na Venezuela, Haiti, Cuba, El Salvador, Paraguai, Moçambique, Peru e Bolívia. Na Venezuela e no Paraguai, o MST, por meio da Via Campesina, colabora com a construção do Instituto Agroecológico Latinoamericano (IALA), uma universidade de formação em agroecologia.

Ao final do encontro, foram ressaltadas as necessidades de solidariedade com o povo palestino, em sua luta pela libertação do controle de Israel, e do povo curdo, que atualmente resiste contra ataques do Estado Islâmico, da Turquia e da Síria, no vácuo de poder deixado pelas guerras dos Estados Unidos.