Presos políticos do MST têm liberdade provisória concedida pela justiça do DF

Os quatro jovens do MST presos por prestarem solidariedade às vítimas de Mariana e denunciarem a proposta do novo Código de Mineração, receberam liberdade provisória na tarde desta sexta-feira (27).

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Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

 

Os quatro jovens do MST presos por prestarem solidariedade às vítimas de Mariana e denunciarem a proposta do novo Código de Mineração, receberam liberdade provisória na tarde desta sexta-feira (27).

 

A decisão ocorreu em Audiência de Custódia realizada no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ/DF), com a juíza Lorena Alves Ocampos e a promotora Thaienne Fernandes.

Segundo Eduardo Correia, um dos advogados que acompanhou a audiência, após o relato dos jovens sobre o ocorrido, a justiça compreendeu que não havia motivos para que eles continuassem detidos, concedendo liberdade provisória sem fiança.

“Eles nem deveriam ter sido presos porque na verdade não houve nenhum crime. O que houve foi uma criminalização do protesto que eles fizeram”, explica Correia.

Para Raul Amorim, da coordenação nacional do Coletivo de Juventude, a prisão dos quatro jovens reforçou a postura arbitrária e antidemocrática do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acuado com os inúmeros protestos que pedem sua saída da presidência da casa por causa das recentes denúncias de corrupção que envolvem sua pessoa.

“A prisão reforça o processo de criminalização dos movimentos, mas, por outro lado, mostrou todo o apoio de intelectuais, partidos, artistas e outros movimentos populares nesta luta.

Isso nos dá mais ânimo para continuar denunciando os crimes ambientais que a Vale/Samarco está fazendo, e que são uma afronta à nossa soberania nacional”, argumenta Amorim.

Detidos pela polícia legislativa na última quarta-feira (25), durante intervenção na Câmara dos Deputados, em Brasília, os jovens foram transferidos para a carceragem da Polícia Civil sob acusação de crime ambiental por utilizarem argila com água para denunciar o crime cometido pela mineradora Samarco e a Vale no município de Mariana.

Eles também foram acusados de lesão corporal, resistência à prisão e injúria. Ao todo, a soma das acusações chega a 4 anos de prisão.

De acordo com o advogado Correia, os quatro responderão ao processo no Distrito Federal, porém ainda não se sabe em qual órgão judicial.

“Os próximos passos serão de elaboração da defesa e, se for o caso, alguma medida judicial para evitar que o processo continue. A prioridade até o momento era conquistar essa a liberdade provisória e, felizmente, conseguimos isso com êxito”, finaliza.

A liberdade provisória foi solicitada ontem, num trabalho coletivo de cerca de 200 advogados de todas as regiões do Brasil que participavam do encontro da Rede de Advogadas e Advogados Populares (Renap), em Luziânia (GO), em alusão aos 20 anos da instituição.

Durante estes três dias, diversas pessoas da sociedade civil e dos movimentos populares realizaram uma campanha de solidariedade nas redes sociais em apoio aos quatro jovens, em que traziam a “TerroristaÉaVale.