Em Sergipe, seminário promove troca de saberes e marca encerramento do Residência Agrária

Para Maria Normélia Santos, assentada, pedagoga e aluna do curso o aprendizado obtido possibilitou novas formas de lidar com o meio ambiente sem agredi-lo.

 

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Foto: Bruno Villaça

Por Bruna Daniely
Da Página do MST

Na última dia sexta feira (27), ocorreu na Universidade Federal de Sergipe (UFS) o seminário de encerramento do Curso de Pós-Graduação lato sensu – Residência Agrária. 

A solenidade de encerramento do curso foi realizada no auditório da reitoria junto com o lançamento do documentário “Residência agrária: semeando agroecologia e a soberania alimentar” cujo palestrante foi o Prof. Dr. José Jonas Duarte que abordou o residência agrária no contexto da educação.



A programação do seminário também incluiu a feira “Saberes e Sabores”, que além dos produtos agroecológicos oriundos da reforma agrária, contou com o espaço de uma tenda pedagógica para socialização e reflexão coletiva a partir dos trabalhos do curso.

Gislene Reis, historiadora, aluna do residência agrária e também dirigente do MST, considera que “ o curso foi uma excelente experiência e demonstra o quanto precisamos fortalecer o Pronera, para que ele possibilite novas turmas e novos alunos acampados e assentados do MST”. Ela lembrou ainda, que Movimento está em fase de preparação para o início do curso de Agroecologia pelo Pronera em Parceria com o Instituto Federal do Sergipe (IFS).

Já a assentada, pedagoga e aluna do residência agrária, Maria Normélia Santos, ressalta que aprendizado obtido no curso possibilitou novas práticas de manejo com o meio ambiente sem agredi-lo.

“Uma experiência marcante, foi aprender a matar as pragas sem a necessidade de usar veneno, hoje tenho uma horta coletiva com meus alunos e repasso o que aprendi”, salientou Maria.

O Residência Agrária 

De acordo com a professora coordenadora pedagógica do curso, Rita Fagundes, o processo para implementação do curso residência agrária, teve início no final de 2012, quando iniciou a elaboração do projeto que posteriormente foi promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

No entanto, o curso só teve início em junho de 2013 e foi prioritariamente destinado aos beneficiários do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e profissionais que desenvolvem atividades técnicas e educacionais em assentamentos de Reforma Agrária. Foram selecionados  50 educandos que possuíam vínculo direto com a atividade rural camponesa, a maioria assentados.



Para Rita, os principais objetivos do curso foram alcançados. “A partir das experiências concretas de ensino/aprendizagem, buscamos contribuir para a construção e socialização de novos conhecimentos e métodos de produção”. E acrescenta, “buscamos instalar experimentos com metodologias participativas, estimulando práticas de manejo agroecológico que pudessem ser incorporadas efetivamente no dia a dia do camponês e que fossem necessariamente viáveis, tanto do ponto de vista socioeconômico, como ambiental”.

O curso Residência Agrária, foi proposto em sintonia com os princípios da atual Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural que, segundo o próprio MDA, tem a missão de abrir caminhos para a participação e o controle social sobre as políticas públicas, de modo que se estabeleçam possibilidades concretas para que o aparato estatal e os serviços públicos fiquem à disposição da população, particularmente aqueles segmentos até então alijados do processo de desenvolvimento. É importante frisar que a Agroecologia volta-se também contra o mito da neutralidade da tecnociência, já que esta se mostra incapaz de ver o ser humano no seu meio social e ambiental.