No Mato Grosso do Sul, MST homenageia Egídio em seu 30°Encontro

Além da homenagem às lutas e valores defendidos por Egídio Brunetto, o Movimento discutirá a organicidade e os desafios a partir do debate sobre o atual cenário da batalha contra o latifúndio e o capital.

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Por Janelson Ferreira 
Da Página do MST

Durante os próximos três dias, os sem-terras de Mato Grosso do Sul estarão reunidos no Assentamento Geraldo Garcia, município de Sidrolândia, para debater diversos temas no intuito de reforçar a luta histórica dos 30 anos pela Reforma Agrária popular no estado. 

Iniciadas nesta sexta-feira (11), as atividades começaram com muita animação e a exibição de um vídeo que resgatou as lutas locais e nacionais do movimento. Além de uma mística para que os mais de 300 militantes presentes possam refletir sobre o atual cenário da batalha contra o latifúndio e o capitalismo.

O debate prosseguiu durante toda a tarde com uma análise de conjuntura mundial, nacional, econômica, política, indígena e agrária. Os dirigentes estaduais que coordenaram a mesa, José Batista e Márcia Barille, reforçaram a importância do momento e ressaltaram que o conhecimento é essencial para dar continuidade a luta diária dos sem-terra nos acampamentos e assentamentos.

Joaquim Pinero, da coordenação nacional do MST, enfatizou a necessidade dos militantes entenderem o momento pelo qual o mundo está passando e reforçou a importância de defender a democracia brasileira. 

“O momento de crise econômica e política deve servir para nos fortalecer e nos unir. Não podemos permitir que os reacionários e neoliberais implantem a política de recessão que eles estão tentando. Precisamos ir para as ruas evitar o retrocesso, defender a democracia, que é uma conquista histórica do nosso país e para além disso, as bandeiras das reformas que sonhamos precisam ser mais do que hasteadas, a da agrária, política e tributária”, salientou Pinero.

Já Gilmar Gonçalves, servidor público e militante histórico das lutas sindicais e sociais em Rondônia e no MS, ao falar da situação agrária fez um relato do sistema implantado no estado.

“O sistema montado pelo neoliberalismo, pelo latifúndio e pelos organismos do capitalismo está enraizado no MS em diversas instâncias, onde comanda e delibera, principalmente na situação agrária. Por isso, precisamos reforçar ainda mais a nossa caminhada pela Reforma Agrária, pois o cenário de questões como o uso dos agrotóxicos pelo latifúndio, nos mostra do que são capazes. Estamos vendo o aumento do câncer e diversas outras doenças sérias que está matando a nossa gente”, afirmou Gonçalves.

IMG_9956.JPGHistoricamente o Mato Grosso do Sul é marcado pelas lutas dos povos indígenas por seus direitos. O estado tem a segunda maior população indígena confinada em um pequeno espaço de terra. Diante desta realidade, Lindomar Terena, uma liderança de referência internacional na batalha pela demarcação de terras, comentou sobre a luta dos povos indígenas do MS e afirmou que esta se encontra em um dos seus momentos mais acirrados. 

“O momento que estamos passando, com uma CPI instaurada na Assembleia Legislativa do MS para investigar a atuação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) junto aos povos indígenas, acirrou ainda mais a nossa batalha pelos nossos direitos. Os ruralistas querem a todo custo desviar a atenção de questões como a demarcação de terras e a reforma agrária, por isso precisamos nos unir ainda mais”, ressaltou Terena.

 

Também esteve na atividade o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Humberto de Melo, que relatou para a militância sobre a situação em que se encontra o órgão e alguns planejamentos futuros. Na oportunidade ele também relatou sobre o fomento mulher que está sendo entregue para centenas de companheiras assentadas graças a luta dos movimentos sociais, como o MST.

Homenagem

O 30° Encontro do MST de MS homenageia o dirigente histórico do movimento, Egídio Brunetto, que faleceu em 2011 e deixou marcas profundas da sua militância nacional e internacional.

Brunetto contribuiu com a organização do MST em todo o país e com as lutas dos trabalhadores rurais pela terra, pela reforma agrária e por transformações sociais.

Egídio empunhou a bandeira do internacionalismo e da solidariedade às lutas dos povos e da classe trabalhadora, responsável pela relação do Movimento com organizações camponesas na América Latina e no mundo. Foi um dos fundadores da Via Campesina Internacional.