Sem Terra reocupam latifúndio improdutivo na Bahia

Com a ocupação, os trabalhadores denunciam, perante a sociedade e aos órgãos públicos, que o latifundiário possui várias fazendas no município que não cumprem sua função social.

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Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Na madrugada dessa quarta-feira (07), cerca de 100 famílias Sem Terra reocuparam a Fazenda Planície, com 600 hectares, de José Afonso dos Santos, em Itanhém, no Extremo Sul da Bahia.

Com a ocupação, os trabalhadores denunciam, perante a sociedade e aos órgãos públicos, que o latifundiário possui várias fazendas no município que não cumprem sua função social. 

Além disso, pautam a desapropriação da área para fins de Reforma Agrária, exigindo maior agilidade por parte do governo e cobrando a realização do processo de vistoria da área. 

Cobram ainda, a desburocratização do processo de emissão de posse da fazenda por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA).

A primeira ocupação foi realizada em abril de 2015 onde se consolidou o Acampamento Padre José, desde então, as famílias vêm denunciando a ilegalidade das terras.

Ao completar quase um ano de luta e de denúncias, os trabalhadores afirmam que existem diversas práticas truculentas e violentas por parte do latifundiário na região. “Coagindo os trabalhadores a desistir da luta pela terra”, destacou.

Violência

Maria da Silva, acampada, relata que a última prática violenta foi a articulação, realizada pelo proprietário, para despejar as famílias às vésperas das comemorações natalinas e de fim de ano, obrigando-as a abandonar seus lares e suas plantações, com objetivo de humilhar e impactar psicologicamente as famílias.

“Nós tínhamos muitas tarefas de terra aradas e semeadas. Após o despejo o latifundiário mandou queimar o que restou dos barracos e pertences das famílias, além de passar o trator nas terras que já estavam plantadas e semeadas pelos trabalhadores”, disse Silva.

Já Antônio de Oliveira, também acampado, explica que desde o início do acampamento, em abril, o proprietário vem realizando diversas ameaças, chegando até soltar o gado dentro das plantações das famílias, provocando prejuízos.

Mesmo assim, os trabalhadores afirmam que permanecerão mobilizados, denunciando qualquer ameaça ou tentativa de intimidação.

Monopólio 

O proprietário, José Afonso, possui mais nove grandes fazendas na região. Para a direção do MST, essa concentração de terra não garante o desenvolvimento econômico dos moradores de Itanhém e nem dos trabalhadores da fazenda, já que o município é considerado uns dos mais pobres da região, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).