No RS, Sem Terrinha fortalecem a importância da alimentação saudável

Durante o 17º Encontro Estadual do MST, filhos de assentados e acampados participaram de atividades pedagógicas envolvendo a produção de alimentos sadios e livres de agrotóxicos.
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À esquerda, a Sem Terrinha Nicoli, que diz que em seu assentamento os agrotóxicos não tem vez /Foto: Leandro Molina 

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Filha de assentados da Reforma Agrária, Nicoli Batista Ferreira, apesar de ter apenas 10 anos de idade, já sabe bem a importância de ter uma alimentação saudável: “Faz bem para a nossa saúde e o meio ambiente”, declara a pequena.

Enquanto seus pais participavam da 17º Encontro Estadual do MST do Rio Grande do Sul, realizado semana passada (19 a 21) no Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, Nicoli, junto a outros 40 Sem Terrinha de 0 a 11 anos, pôde ampliar seus conhecimentos sobre a produção orgânica e como identificar um alimento sadio.

Esse trabalho foi coordenado por educadores do Movimento no espaço da ciranda infantil, com a utilização de arroz agroecológico, frutas e embalagens de balas, salgadinhos e de outros produtos industrializados. Eles explicaram aos Sem Terrinha a diferença entre os alimentos sadios e os não saudáveis, e também os prejuízos que a produção com agrotóxicos causa ao meio ambiente e à saúde, e os benefícios que a produção orgânica e agroecológica geram aos seres vivos e aos bens naturais.

“Nosso objetivo é inserir desde cedo as crianças no processo de luta do MST e de estudo em torno dessa pauta, para que elas também defendam a vida por meio de uma agricultura limpa, e não a morte através do uso de venenos”, explica a educadora Juliane Ribeiro.
 

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Foto: Tiago Giannichini

Na ocasião, os Sem Terrinha relataram experiências de cultivo que são desenvolvidas nas áreas em que vivem. Conforme Nicoli, no lote de seus pais localizado no Assentamento Padre Réus, em Encruzilhada do Sul, os alimentos envenenados não têm vez. “Lá em casa nossa horta e pomar são saudáveis, não usamos veneno para produzir. Eu gosto bastante disso porque o sabor é muito melhor”, argumenta.

Na sequência, os Sem Terrinha desenharam em folhas de papel os tipos de alimentos que consideram saudáveis, representando também o que eles comem ou gostariam de comer no seu dia a dia. A pequena Nicoli desenhou em seu prato carne, feijão, arroz, cenoura, alface, laranja, morango e uva. “São alimentos orgânicos e os que eu mais gosto”, complementa.

Ao final da atividade as crianças reuniram todos os trabalhos num grande cartaz, que foi apresentado aos cerca de mil assentados e acampados que participavam do encontro do MST no ginásio de esportes do assentamento, há poucos metros da ciranda.

Nos três dias de encontro, as crianças também percorreram a agrovila e conheceram as estruturas da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), como a padaria, espaços de produção e de criação de animais. Os ambientes foram apresentados por Sem Terrinha que moram no próprio local.

Elas ainda participaram do espetáculo “Bem-te-vida Marmotta” com a atriz Lia Motta, e desenvolveram ações com pinturas, leituras e outros métodos pedagógicos, além de gincanas com danças, jogos e muita brincadeira na ciranda – o espaço utilizado durante o encontro pertence à Coopan e acolhe os filhos de assentados enquanto seus pais trabalham na cooperativa. Lá, eles têm acompanhamento pedagógico e vivencial em turno integral.
 

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Ao final, as crianças reuniram os trabalhos desenvolvidos e apresentaram aos participantes do encontro estadual. /Foto: Leandro Molina.