Sem Terra realizam 24º Encontro Estadual em Alagoas
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Cerca de 650 Sem Terra de todas as regiões de Alagoas realizaram entre os dias 24 e 26/02, na cidade de Satuba (22 km de Maceió), o 24º Encontro Estadual do Movimento no estado.
Após o processo de retomada do trabalho de base com todos os acampados e assentados do estado, os anseios e perspectivas do conjunto da base e da militância do Movimento deram o tom dos três dias de debate, da análise de conjuntura aos desafios dos setores e coletivos no estado.
“Esse é um importante momento para o nosso Movimento aqui no estado. A retomada do trabalho de base nos mostrou diversos elementos que ajudam a consolidar os nossos próximos passos para avançar na luta pela Reforma Agrária Popular em todas as regiões de Alagoas. E o nosso Encontro precisa dar o fôlego e apontar os nossos rumos na luta pela terra no estado”, destacou José Roberto, da direção nacional do MST.
A mesa de abertura do encontro contou com a participação de representações de movimentos populares, sindicatos, partidos políticos, universidades, representações religiosas e de movimentos de luta pela terra de Alagoas, além da presença do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do Iteral (Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas), que ressaltou o papel da luta pela Reforma Agrária no estado, bem como necessidade de construção de alianças para avançar nas conquistas da classe trabalhadora.
A partir da análise do atual cenário político e econômico, conduzido por João Pedro Stédile, do MST e Izac Jackson da CUT-AL, todos os delegados e delegadas do encontro apontaram os desafios e as tarefas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais na construção da unidade e fortalecimento das alianças, em torno da Frente Brasil Popular em todos os municípios onde o MST está organizado em Alagoas e das principais demandas dos camponeses na construção da Reforma Agrária Popular no estado para o próximo período, da produção de alimentos saudáveis até a garantia de participação e organização de todos os sujeitos nas lutas e atividades do Movimento.
Segundo Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, o 24º Encontro Estadual conseguiu aprofundar na leitura da realidade e apontar as tarefas do Movimento.
“Precisamos manter a disposição de contribuir no desenvolvimento do nosso município, do nosso estado e do nosso país. É preciso que a Reforma Agrária Popular consiga manter-se como uma alternativa as injustiças e mazelas que historicamente maltrataram nosso povo. E isso só será possível se cada um e cada uma de nós assumirmos os compromissos que essa tarefa nos dá”, disse Débora.
Assembleias
Durante do Encontro, as Assembleias da Juventude e das Mulheres Sem Terra também trouxeram ao conjunto do da programação dos debates o papel e os desafios dos jovens e das camponesas na construção da Reforma Agrária Popular.
Cerca de 150 jovens de todo o estado estiveram presentes na 2ª Assembleia da Juventude Sem Terra de Alagoas, debatendo a organicidade e as tarefas da Juventude Sem Terra no fortalecimento das lutas. Os jovens também debateram a Jornada Cultural Nacional – “Alimentação Saudável: um direito de todos!” onde fizeram o planejamento de suas ações para impulsionar o debate da Reforma Agrária Popular, em especial o da produção de alimentos saudáveis nas áreas de assentamento e acampamento e na relação com o conjunto da sociedade.
Já na Assembleia das Mulheres Sem Terra, a mística em torno da Jornada Nacional de Luta das Mulheres garantiu os debates e o planejamento das camponesas que dão o ponta pé nas lutas no ano de 2016 e que em 2016 trazem o lema “Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável, contra o agronegócio”.
Durante a assembleia das mulheres, todos os homens participantes do Encontro reuniram-se em uma roda de conversa sobre gênero. Lá os companheiros foram desafiados a pensar sobre o modelo de “homem” que o capitalismo impõe e de que maneira esse estereótipo é reproduzido e sustentado. Com um debate caloroso e participativo, os homens do Encontro ressaltaram a necessidade da organização das mulheres Sem Terra e do desafio de garantir o debate sobre gênero cada vez mais presente nos espaços de formação.
“Os desafios apontados para a classe trabalhadora no próximo período são inúmeros. E é preciso que nós, trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra estejamos preparados e comprometidos a continuar na luta na defesa dos nossos direitos e da Reforma Agrária Popular”, ressaltou Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST.
“Mulheres, homens, juventude, nossos Sem Terrinha, todos e todas nós que formamos o nosso Movimento, devemos seguir a passos firmes, lembrando da nossa história de luta e do futuro que queremos construir, com a rebeldia e a força necessária”.