Após ocupações no interior de Alagoas, camponesas montam acampamento em Maceió

Cerca de 1000 mulheres estão mobilizadas e pautam a desburocratização das agências do INSS na emissão de documentos para acesso aos benefícios sociais.

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Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Após ocupações realizadas na manhã dessa segunda-feira (7), em diversas regiões de Alagoas, mulheres Sem terra de todo o estado montaram acampamento na praça Centenário, na cidade de Maceió, onde dão continuidade as ações da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.

As camponesas que no início da manhã ocuparam as agências do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) nos municípios de Porto Calvo, Murici, Delmiro Gouveia, Piranhas, Teotônio Vilela, Traipu e Girau do Ponciano, além das prefeituras de Atalaia, de Olho d’Água do Casado, Delmiro Gouveia e de Girau do Ponciano, chegaram na capital alagoana no final da tarde.

Nesta terça-feira (8), as Sem Terra participam, de uma grande marcha em defesa dos direitos das mulheres trabalhadoras, da democracia e contra o golpe. A concentração da marcha está prevista para às 8h, na própria praça Centenário e será em conjunto com outros movimentos sociais.

Somente nas ocupações nos municípios do interior de Alagoas, aproximadamente 1000 camponesas estiveram mobilizadas pautando a desburocratização das agências do INSS na emissão de documentos para acesso aos benefícios sociais.

Segundo Silvania Soares, da direção estadual do MST em Alagoas, na ocupação do INSS no município de Delmiro Gouveia, Sertão do estado, as trabalhadoras construíram junto com a gerência da agência uma agenda de trabalho para resolver &”39;caso a caso&”39; as questões relativas ao auxílio doença, auxílio maternidade e aposentadoria.

“Além da burocracia natural para acessar nossos direitos, a situação fica ainda mais grave quando falamos de Reforma Agrária. Até o atendimento vem de outro jeito. Viemos aqui dar um recado e mostrar que estamos atentas na defesa dos nossos direitos”, destacou Silvania.

Já nas prefeituras dos municípios ocupados, as ações pautaram as demandas de infraestruturas sociais e produtivas, como saúde, escola, estradas, além de estruturas de beneficiamento da produção, que possam garantir geração de emprego e renda para as mulheres do campo.

As ocupações denunciaram o descaso e a omissão do poder público municipal para com as demandas e necessidades de todos os sujeitos que vivem nas áreas de acampamento e assentamento.

Segundo as camponesas, as áreas de Reforma Agrária são, em sua maioria, invisibilizadas pela gestão municipal.

Para Margarida da Silva, da direção nacional do MST, as ocupações nas prefeituras foram, para mais uma vez, salientar a cobrança das trabalhadoras rurais, que já é conhecida pelas gestões.

No município de Atalaia, a ocupação no prédio da prefeitura pautou principalmente as demandas de infraestrutura para as áreas de assentamento e acampamento, onde as camponesas foram atendidas pelo prefeito da cidade, José Lopes de Albuquerque, conhecido como Zé do Pedrinho (PSD) e parte do secretariado.

“Em Atalaia com a nossa mobilização já conseguimos fazer com que as máquinas fossem trabalhar na melhoria das estradas que dão acesso aos nossos assentamentos e acampamentos”, afirmou Margarida.

Uma agenda de trabalho também foi montada no município para levantar as demandas de iluminação pública e na construção de poços nas áreas.

Em Girau do Ponciano, Agreste do estado, as camponesas levaram como bandeiras de luta o acesso à saúde, educação e as demais questões de estruturação social e produtiva. As agricultoras têm uma audiência com o Poder Público Municipal na próxima sexta – feira (11).

As mulheres também denunciaram a anunciada reforma da Previdência que, segundo as manifestantes, prejudicará o conjunto da classe trabalhadora, em especial as mulheres, com as medidas anunciadas.

Nas faixas e cartazes as Sem Terra repudiavam a imposição de uma idade mínima para aposentadoria como um retrocesso nos direitos já conquistados para as trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade.

As mobilizações das mulheres Sem Terra seguem nos próximos dias na capital alagoana, somando-se as ações da Jornada em todo o país, que esse ano leva o lema “Mulheres na luta em defesa da natureza e alimentação saudável e contra o agronegócio!”, que esse ano lembra os 20 anos de impunidade do massacre de Eldorado dos Carajás.