Artistas Sem Terra se reúnem em festival no MS

Músicos, musicistas, poetas, poetisas, cantadores e cantadoras se reuniram para fazer da arte uma importante arma na construção de uma nova sociedade.

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Por Janelson Ferreira 
Da Página do MST

 

De 1 a 3 de março, a poesia e a música tomaram conta da cidade de Mato Grosso do Sul. 
Organizado pelo coletivo de cultura, juventude e comunicação do MST, o Encontro de Poetas, Cantadores e Cantadoras do MS, reuniu em Sidrolândia, no Centro de Pesquisa e Capacitação Geraldo Garcia artistas de todo o estado.

O encontro teve como objetivo reunir o coletivo para a produção artística que será enviada para o Festival Nacional de Artes e Cultura da Reforma Agrária, que acontece de 20 a 24 de julho, em Belo Horizonte, Minas Gerais. 

Segundo Luana Silva, do Coletivo Nacional de Cultura, o Festival valoriza a cultura do povo Sem Terra. 
“A atividade buscou discutir sobre cultura, em uma perspectiva contra hegemônica à que está posta, inclusive em nossas áreas”, afirmou.

Ainda de acordo com Luana, o Festival também “é um espaço para o Movimento mostrar sua produção nas mais diversas dimensões”. 

O coletivo não visa apenas o Festival, mas também envolver toda a base acampada e assentada em um processo mais amplo: a construção de uma cultura genuinamente popular. 

Música e poesia tem importante papel na disputa de pontos de vista do mundo. Por isso, dar voz a trabalhadoras e trabalhadores para que os próprios digam sobre sua realidade e o que esperam do futuro é um importante passo na superação do capitalismo.

De acordo com Garganta de Ouro, membro do CCJC e militante histórico do Setor de Cultura, um dos papéis dos músicos e cantadoras presentes na atividade é “discutir e dialogar com toda base acampada e assentada para toda a produção artística e o todos possam fazer parte desta Semana da Cultura”. 

Para o poeta o Festival Nacional de Artes e Cultura deve buscar o fortalecimento da Reforma Agrária que é um conjunto de ações simultâneas que deve ser conduzidas pelos trabalhadores. Ainda para Garganta, “nenhum povo é dono de seu destino se, antes, não for dono de sua cultura”.

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Através da arte 

Com este rico processo, o resultado são canções coletivas e populares feitas por camponeses que falam do mundo a partir dos olhos da classe trabalhadora.

O Encontro não se limitou à música. A poesia se fez presente também em grande forma. Ela pulsava em cada espaço da atividade. Fosse nas tarefas práticas, de lavar a louça ou limpar os banheiros, ou dentro do estúdio, a poesia estava em cada roda de conversa. 

Durante o encontro mais importante que as gravações, foi o processo criado. O caráter coletivo. A disposição dos militantes em colocarem suas produções para discussão. A consciência de que era preciso envolver toda a base, não apenas em uma atividade pontual, mas na construção artística em que a classe trabalhadora seja protagonista.

A atividade também serviu para a reorganização da frente de música do estado. O grupo pretende realizar atividades em acampamentos e assentados, difundindo a cultura popular e contribuindo para a organização dos Sem Terra. 

Além disso, a frente pretende gravar um CD com canções próprias ainda este ano. 

Por fim, a expectativa é que o Festival Nacional de Artes e Cultura da Reforma Agrária seja o ponto inicial de um trabalho com muita arte, o qual envolverá