Milhares saem às ruas de Porto Alegre em defesa da democracia
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Mais de 80 mil pessoas tomaram as ruas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (31), para denunciar o golpe em curso no país e defender a democracia brasileira, em ato realizado pelo Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.
Em todo o estado, cerca de 100 mil militantes de diversas organizações e movimentos populares do campo e da cidade, participaram dos atos em mais de 20 municípios, da Jornada Nacional em Defesa da Democracia.
Na Capital, a concentração começou por volta das 17 horas na Esquina Democrática, no bairro Centro. Com centenas de cartazes e revezamento de falas em carros de som, os manifestantes denunciavam a atuação da grande mídia, de parte do poder judiciário e dos setores da direita na tentativa de impedir a presidente Dilma Rousseff de continuar seu mandato até o ano de 2018, quando ocorrem novas eleições para a presidência da República.
A dirigente estadual do MST no Rio Grande do Sul, Salete Carollo, explicou que a mobilização marcou os 52 anos da instalação da ditadura militar no país – 31 de março de 1964 — e que o objetivo foi levar às ruas uma reflexão sobre a importância da manutenção da democracia e dos direitos conquistados ao longo dos anos pela classe trabalhadora.
“Somos contra algumas posturas adotadas pelo atual governo, como estão conduzindo o ajuste fiscal e a reforma da previdência, mas esta luta é pela democracia que há pouco conquistamos. Nós, os Sem Terra, sempre estaremos prontos e mobilizados para defender os direitos do povo brasileiro”, declarou Carollo.
Representando a Via Campesina, o assentado Emerson Giacomelli, reafirmou que o Brasil vive uma luta de classes e que os movimentos do campo também estão nas ruas para garantir a continuidade de políticas públicas criadas nos últimos anos pelos governos de esquerda e que beneficiaram grande parte da população, como pobres, negros e indígenas.
“Estamos aqui em defesa das conquistas históricas que tivemos, como as universidades públicas, o Prouni e o programa Mais Médicos. Agora, é momento de vigília e de nos multiplicarmos neste debate em defesa da democracia, por que as próximas vítimas da direta somos nós, militantes dos movimentos sociais que lutam por uma sociedade mais justa e uma vida mais digna”, argumentou.
Já o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, criticou a cobertura seletiva da grande mídia em relação às pautas políticas e que envolvem casos de corrupção, e ressaltou que o povo fará a democratização dos meios de comunicação através das lutas nas ruas.
“Nós não tivemos coragem de fazer a democratização da mídia, mas, queira a o governo ou não, nós a faremos nas ruas”, concluiu.
Marcha
Após o ato na Esquina Democrática, os manifestantes saíram em marcha pela Avenida Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, onde foi encerrada a mobilização.
Durante o trajeto usavam gritos de ordem, como “não vai ter golpe, vai ter luta” e “atenção povão, impeachment sem crime é golpe na nação”.
No mês de março, a Frente Brasil Popular realizou três atos estaduais no RS, nos dias 13, 18 e 31, e mobilizou milhares de trabalhadores em dezenas de cidades em defesa da democracia. Nesta última quinta-feira (31), o MST participou das manifestações em oito municípios do estado.