Milhares saem às ruas de Porto Alegre em defesa da democracia

Em todo o estado, cerca de 100 mil militantes de diversas organizações e movimentos populares do campo e da cidade, participaram dos atos em mais de 20 municípios
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Fotos: Daniel Ito Isaia

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Mais de 80 mil pessoas tomaram as ruas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira (31), para denunciar o golpe em curso no país e defender a democracia brasileira, em ato realizado pelo Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

Em todo o estado, cerca de 100 mil militantes de diversas organizações e movimentos populares do campo e da cidade, participaram dos atos em mais de 20 municípios, da Jornada Nacional em Defesa da Democracia.

Na Capital, a concentração começou por volta das 17 horas na Esquina Democrática, no bairro Centro. Com centenas de cartazes e revezamento de falas em carros de som, os manifestantes denunciavam a atuação da grande mídia, de parte do poder judiciário e dos setores da direita na tentativa de impedir a presidente Dilma Rousseff de continuar seu mandato até o ano de 2018, quando ocorrem novas eleições para a presidência da República.

A dirigente estadual do MST no Rio Grande do Sul, Salete Carollo, explicou que a mobilização marcou os 52 anos da instalação da ditadura militar no país – 31 de março de 1964 — e que o objetivo foi levar às ruas uma reflexão sobre a importância da manutenção da democracia e dos direitos conquistados ao longo dos anos pela classe trabalhadora.

“Somos contra algumas posturas adotadas pelo atual governo, como estão conduzindo o ajuste fiscal e a reforma da previdência, mas esta luta é pela democracia que há pouco conquistamos. Nós, os Sem Terra, sempre estaremos prontos e mobilizados para defender os direitos do povo brasileiro”, declarou Carollo.
 

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Fotos: Daniel Ito Isaia

Representando a Via Campesina, o assentado Emerson Giacomelli, reafirmou que o Brasil vive uma luta de classes e que os movimentos do campo também estão nas ruas para garantir a continuidade de políticas públicas criadas nos últimos anos pelos governos de esquerda e que beneficiaram grande parte da população, como pobres, negros e indígenas.

“Estamos aqui em defesa das conquistas históricas que tivemos, como as universidades públicas, o Prouni e o programa Mais Médicos. Agora, é momento de vigília e de nos multiplicarmos neste debate em defesa da democracia, por que as próximas vítimas da direta somos nós, militantes dos movimentos sociais que lutam por uma sociedade mais justa e uma vida mais digna”, argumentou.

Já o presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, criticou a cobertura seletiva da grande mídia em relação às pautas políticas e que envolvem casos de corrupção, e ressaltou que o povo fará a democratização dos meios de comunicação através das lutas nas ruas.

“Nós não tivemos coragem de fazer a democratização da mídia, mas, queira a o governo ou não, nós a faremos nas ruas”, concluiu.
 

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Fotos: Daniel Ito Isaia

Marcha

Após o ato na Esquina Democrática, os manifestantes saíram em marcha pela Avenida Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, onde foi encerrada a mobilização.

Durante o trajeto usavam gritos de ordem, como “não vai ter golpe, vai ter luta” e “atenção povão, impeachment sem crime é golpe na nação”.

No mês de março, a Frente Brasil Popular realizou três atos estaduais no RS, nos dias 13, 18 e 31, e mobilizou milhares de trabalhadores em dezenas de cidades em defesa da democracia. Nesta última quinta-feira (31), o MST participou das manifestações em oito municípios do estado.